A Escritura toda nos ensina que os “dons
espirituais” (ou sinais) mencionados no Novo Testamento tinham como propósito
legitimar a vinda do Messias e revelar os ensinos que Cristo comunicaria aos
apóstolos por meio da revelação divina. Um exemplo desses sinais é o dom de
línguas. Uma vez que os apóstolos eram simples trabalhadores que não teriam
condições humanas para anunciar as grandes revelações do evangelho da graça aos
povos do mundo inteiro, somente um dom especial, dado pelo Espírito Santo, seria
capaz de capacitá-los a transmitir a mensagem da cruz aos pagãos em suas
próprias línguas maternas, sem jamais terem estudado e aprendido línguas
estrangeiras, até porque esse processo levaria anos. Esse dom concedido
aos apóstolos na festa de Pentecostes, onde sempre se reuniam nações de todos
os cantos do mundo, deixou de existir no fim da era apostólica. Não somente o
dom de línguas, como também todos os dons extraordinários cessaram juntamente
com ele. Tais dons abrangiam o falar em outras línguas, profecias
inéditas, curas e milagres. É necessário ressaltar que o termo “línguas
estranhas”, encontrado em algumas versões bíblicas, entra em desacordo total
com o idioma em que o Novo Testamento foi traduzido – o grego koiné. O termo “línguas estranhas”, na
língua original do Novo Testamento, não existe. Ao invés disso, encontramos o
termo “outras línguas”, ou “línguas diferentes”, ou “línguas estrangeiras”,
etc. Esse é o sentido original do termo usado no Novo Testamento quando o
assunto é o “falar em outras línguas”.
Todavia, cabe aqui uma ressalva imprescindível: Ao contrário do que nos acusam,
nós, cristãos que entendemos sobre o assunto, não negamos que Deus realiza
obras milagrosas, seja no campo da comunicação ou da saúde, como e quando quer,
interferindo na ordem natural das coisas. Muito pelo contrário. Nós cremos e
ensinamos tão somente aquilo que a Escritura revela, isto é, que os dons
extraordinários cessaram porque tinham um propósito específico, temporário e
destinado para fins que a Bíblia menciona do início ao fim. Como cristãos
genuínos, acreditamos piamente que os milagres de Deus não mais decorrem do
exercício de “dons especiais” dados a este ou aquele indivíduo em particular,
mas sim da oração da fé (Tg 5.14-15).
A Bíblia também ensina que até mesmo os milagres que Deus faz em nossos tempos
são bastante raros, o que se difere completamente dos tempos em que os dons
espirituais apostólicos estavam em vigência. Na época em que esses dons eram
manifestados, os milagres eram extremamente numerosos (At 5.12-16; 8.4-8;
28.7-10) e não há nenhum registro bíblico de que um servo de Deus, dotado de
tais poderes, tenha falhado ao ministrar a cura de um enfermo. Como pode-se
notar, essa realidade na Escritura se mostra bem diferente das tramoias e
maluquices que vemos hoje em dia, quando supostos detentores desses “dons”
constantemente “determinam” curas que nunca acontecem. Todo mundo já deve ter
visto, ao menos uma vez, um episódio deste na TV ou em outras seitas
evangélicas pentecostais, no movimento carismático da seita católica romana,
etc.
Mas, a nível introdutório, qual a minha base para dizer que esses dons de
sinais cessaram, uma vez que minha única regra de fé e prática é a Escritura
Sagrada? De que maneira eu posso provar, como bom soldado de Cristo, que o que
estou dizendo é de autoridade escriturística? Podemos resumir a resposta em
dois pontos:
1. A Escritura
A Palavra de Deus mostra que os tempos dos milagres foram propositalmente
poucos ao longo da história testamentária, abrangendo apenas os tempos de
Moisés e Josué, os dias de Elias e Eliseu e as eras de Jesus e dos apóstolos.
Essas são as três fases em que os sinais de Deus foram manifestos de forma
sobrenatural ao Seu povo, e ambas as três tiveram uma duração limitada e
restrita a esses servos. Tais sinais e grandes prodígios foram designados por
Deus com propósitos específicos que, quando finalmente atingidos, puseram fim
ao tempo das constantes intervenções divinas sobrenaturais. Na epístola aos
Hebreus constatamos que o autor inspirado ensina que o propósito daqueles
sinais foi autenticar a mensagem do evangelho ao tempo do seu surgimento,
provando a todos que ela era verdadeira (Hb 2.3-4). Uma vez consumada essa
autenticação, o propósito central dos milagres foi alcançado e sua frequência
começou a desmoronar de forma clara. De modo determinista e normativo, o Novo
Testamento revela que já nos primeiros anos da década de 60 da era apostólica,
os milagres eram raros e que o dom de cura já não mais existia (Fp 2.26-27; 1Tm
5.23; 2Tm 4.20).
2. Os Fatos
Não somente a Escritura, como a simples observação inteligente dos fatos nos
traz esta plena convicção bíblica. Deus mostra aos Seus filhos aquilo que Ele
revelou na Palavra. Com efeito, basta o cristão olhar à sua volta para perceber
que ninguém mais tem hoje os dons de línguas, profecias ou curas milagrosas.
Tudo o que se vê na atualidade são arremedos grosseiros desses dons – teatros
cuja artificialidade pode ser percebida por qualquer criança. Essas encenações
blasfemas e heréticas só servem para prejudicar a Igreja de Cristo, lançando-a
em total descrédito diante da população pagã.
Como já foi mencionado, há aqueles que professam possuir o dom de línguas e
outros dons de sinais em nossos dias. À medida que colocamos à prova suas
afirmativas, pela Palavra de Deus e pelos próprios fatos, constatamos que não
somente seus discursos, como também suas práticas não são iguais àquilo que nos
é apresentado no livro de Atos e em 1 Coríntios. Eles não usam o suposto dom de
línguas como um sinal para os incrédulos e nem podem fazer com que um grupo de
doentes se aproxime e sejam todos curados (At 5.12-16). Mesmo com respeito às
curas registradas em Atos, não existe a certeza de que aqueles que foram
curados fossem crentes, mas tudo indica justamente o contrário, pois se tratava
de um sinal para confirmar a Palavra aos incrédulos. Aliás, os verdadeiros
crentes não necessitam que a Palavra lhes seja confirmada, pois eles a
receberam como sendo a Palavra de Deus (1Ts 2.13). É também importante notar
que a cura tem relação com o tempo ou século futuro (Hb 6.5; Is 33.24; Sl
103.3). Ou seja, a cura milagrosa tratava-se de um sinal dirigido especialmente
àqueles que haviam rejeitado o seu Messias, mostrando que é Ele quem irá, no
futuro, trazer as bênçãos do reino sobre a terra; e que Ele Se encontra agora
ressuscitado à destra do Pai, e que essas obras de poder eram feitas em nome
dEle (At 4.9,10).
No reino de mil anos de Cristo sobre a terra, chamada de “dispensação da plenitude dos tempos”, haverá duas esferas
distintas de bênção das quais o Senhor será o centro (Ef 1.10). Haverá a esfera
celestial à qual pertence à Igreja (2Co 5.1; Cl 1.5; 1Pd 1.3,4) e haverá a
esfera terrenal a qual pertence à Jerusalém, cuja nação será o centro na terra
(Is 4.3-5; 65.18). Nós, a Igreja, somos o povo celestial de Deus e aguardamos o
momento da Sua vinda para nos arrebatar nos ares, quando seremos transformados
e teremos nossos corpos glorificados, isto é, à imagem do corpo glorioso de
Cristo (Fp 3.20,21). Enquanto isso, neste “tabernáculo”,
ou seja, nesta morada que é o nosso corpo físico, "gememos, desejando
ser revestidos da nossa habitação, que é do céu" (2Co 5.2).
Dito isto, sejamos responsáveis e muito cuidadosos ao consultarmos a Bíblia a
respeito das doenças mencionadas entre os crentes nas epístolas, ou seja, as
doenças que acometeram o povo celestial de Deus nesses registros apostólicos.
Em Romanos 8.23 lemos o seguinte: "nós mesmos, que temos as primícias
do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a
redenção do nosso corpo". Note que não há aqui nenhuma referência
à cura, mas sim ao ato de esperar pela redenção de nosso corpo. O Espírito,
enquanto isso, "ajuda as nossas fraquezas" ("enfermidades"
- cf. versão inglesa). Essa passagem não diz que o Espírito de Deus remove
nossas doenças, mas que Ele nos ajuda em nossas enfermidades.
O ESPINHO NA CARNE DE PAULO
Em 2 Coríntios 12.7-10 a Bíblia nos mostra que Paulo tinha um “espinho na carne”. A Bíblia não diz com
clareza o que era esse espinho. Porém, ao nos atentarmos ao contexto histórico
e textual de 2 Coríntios percebemos que o espinho na carne de Paulo provavelmente
era algum homem que atuava entre os coríntios – uma figura religiosa influente
dentro da igreja de Corinto –, o qual se opunha ao ministério de Paulo,
perturbando sua vida, desrespeitando-o, caluniando-o, estimulando a perseguição
contra ele, desencorajando a igreja a ajudá-lo em suas necessidades e
deixando-o muito abatido. Essa interpretação nos parece mais sensata porque
explicaria o fato de que no verso 10 Paulo associa o espinho na carne a injúrias, necessidades, perseguições e
angústias. Portanto, uma enfermidade na alma, como por exemplo a depressão,
ou qualquer coisa que esteja mais associada aos males da alma, parece se
encaixar melhor ao espinho na carne de Paulo. Não dá para ter certeza, mas é
certo afirmar que o contexto da passagem nos dá essa pista.
PAULO, TIMÓTEO E TRÓFIMO FICARAM DOENTES
Já em Gálatas 4.13, Paulo está, de fato, falando de uma “enfermidade física” que lhe acometeu (versão Almeida Revista e
Atualizada), e, ainda assim, Deus não o curou, mas o ensinou a depender dEle naquela
dificuldade.
Timóteo tinha "freqüentes enfermidades", mas Paulo não
o curou, nem lhe indicou alguém que o curasse, mas o aconselhou que utilizasse
um remédio para sua enfermidade (1Tm 5.23).
Em 2 Timóteo 4.20, Paulo deixou Trófimo doente em Mileto, embora tivesse curado
tantas pessoas durante seu ministério apostólico (Atos 19.11,12; 28.8,9).
A ORAÇÃO DA FÉ SUBSTITUIU O DOM DE CURA
Como já fora demonstrado na Bíblia, à medida com que a era apostólica se
findava, o dom de cura entrava em decadência. Em Tiago 5.14-18 encontramos o
caso de um que, estando doente, chama pelos anciãos para orarem por ele. Não se
trata da fé do doente que lhe restaura a saúde – sua fé nem mesmo é mencionada
– mas trata-se de um exercício de fé da parte daqueles que orarem por ele. A
passagem também não menciona o dom de cura, mas sim a oração do homem sendo
respondida diante de uma enfermidade. Ali aprendemos que aquele que está doente
deve ser honesto e reconhecer seus pecados para que possa confessá-los. Aqueles
que oram discernem a vontade de Deus em relação à enfermidade, e, orando de
acordo com a vontade de Deus, Ele responde à oração. Não há menção aqui de uma
cura súbita e miraculosa, mas do Senhor levantando o enfermo novamente.
Além do mais, naqueles dias havia anciãos (ou presbíteros) designados pelos
apóstolos. Em contrapartida, hoje não há apóstolos ou quem tenha recebido
autoridade delegada diretamente por eles para estabelecer anciãos, como era o
caso de Tito (Tt 1.5). A Bíblia nos mostra que, mesmo na era apostólica, a
assembléia local nunca nomeava os seus próprios anciãos, embora não exista
dúvida de que mesmo nestes nossos dias de ruína e fracasso Deus permaneça fiel
à Sua Igreja, e assim como Paulo previu que viriam dias em que lobos vorazes
entrariam (e estão entrando) no rebanho, ele se referiu também àqueles anciãos
de Éfeso não como tendo sido nomeados por ele, mas pelo Espírito Santo (At
20.28.30).
Hoje não existem anciãos (bispos ou presbíteros) oficiais na Igreja. O que
temos na Igreja de Deus são homens levantados por Ele para tomar conta do Seu
povo, em um espírito de humildade e amor pelo rebanho de Deus. É por essa razão
que Tiago menciona o caso de Elias na passagem em questão, um profeta nos dias
de ruína e divisão de Israel, e demonstra como ele era conhecedor da vontade de
Deus em suas orações. Primeiro Elias reconheceu a necessidade de disciplina
para o povo de Deus para, só então, orar para que a chuva fosse suspendida. Em
seguida, ele novamente ora para que haja chuva, e Deus responde porque a oração
de Elias se encontra em perfeita harmonia com Sua vontade após disciplinar o
Seu povo. Hoje, nós, cristãos, vemos com frequência como Deus responde a
orações que são feitas de acordo com Sua vontade e não conforme nossos próprios
caprichos e vaidades. Vemos isso acontecer em situações de grande dificuldade
ou quando Deus restaura a saúde de alguém após uma oração. Todavia, é
necessário que compreendamos as épocas e circunstâncias em que vivemos hoje,
bem como buscar pelo discernimento da vontade de Deus a respeito da oração
feita de forma bíblica (Ef 5.17). Se oramos segundo a vontade de Deus, Ele
certamente nos ouve.
QUANDO DEUS USA AS NOSSAS ENFERMIDADES
PARA CUMPRIR SEUS PROPÓSITOS
1 Coríntios 11.30 nos dá uma demonstração inata de como Deus usa uma
enfermidade humana em Seus desígnios governamentais, sem nada perguntar a
ninguém. Deus permitiu que os coríntios ficassem “fracos e doentes” por não
terem julgado a si mesmos por seu proceder negligente e irresponsável. Isso
aconteceu em Coríntios por causa do pecado não julgado entre eles.
Deus pode e usa nossas doenças para fins que Ele estabeleceu de antemão, para
nosso bem, não para nosso mal. Embora o cristão esteja eternamente seguro no
que diz respeito à salvação de sua alma, ele se encontra sob os desígnios
governamentais de Deus, e Deus às vezes utiliza a doença para tratar com os que
são Seus. Se nos recusamos a escutar, poderemos perder o privilégio de vivermos
aqui como um testemunho para Cristo, embora o sangue de Cristo já nos tenha
tornado prontos para o céu. Isso não significa que toda doença seja uma
punição, pois ela pode ser apenas parte da nossa natureza caída, uma vez que
nosso corpo geme após a queda de Adão, como também pode ser um modo de Deus
estar disciplinando alguém por meio desta ou daquela enfermidade, como quando
se poda uma videira para que produza mais fruto – o que era exatamente o caso
de Paulo em 2 Coríntios 12.7-10.
OS FALSOS MILAGRES DA ERA PÓS-APOSTÓLICA
Jamais devemos ir além da Palavra de Deus (Gl 1.6-10; 1 Co 4.6; Sl 62.5; Nm
23.19). Aqueles que buscam por dons de sinais nos dias de hoje estão indo além
da Palavra de Deus e praticando heresias. Por conta dessa busca frenética por
“poderes milagrosos”, muitos se encontram vulneráveis a "todo vento de doutrina" e ao poder de Satanás (Sl
17.4,5; 2Tm 2.24-26). Falsos profetas farão sinais e maravilhas no futuro (Mt
24.24), mas serão sinais feitos pelo poder de Satanás, e a única maneira de
termos certeza se algo é de Deus é observando se aquilo está em harmonia com a
Palavra de Deus.
Todas as passagens das Escrituras que tratam dos últimos dias da história nunca
falam de sinais e milagres, mas sim da fraqueza dos crentes e do abandono de
Deus em suas vidas. Veja, por si mesmo, o que Paulo diz a respeito da Igreja em
seus últimos dias em 2 Timóteo 3. Veja, por si mesmo, o que João diz sobre os
últimos dias da Igreja em Laodicéia (Ap 3.14-20). Veja, por si mesmo, o que Pedro
diz em 2 Pedro 3.3,4 a respeito dos últimos dias da Igreja.
O Espírito Santo foi dado no dia do Pentecostes, e agora, como uma Pessoa
divina, Ele habita nos corpos dos crentes (1Co 6.19) e Se encontra também na
casa professa da cristandade (Ef 2.22). O Senhor Jesus falou disso (Jo
14.16,17), dizendo aos discípulos, antes do dia de Pentecostes, que esperassem
por Sua vinda em cujo tempo eles seriam "do
alto revestidos de poder" (Lc 24.49). Em Corinto, não foi dito aos
crentes que esperassem que viesse "poder" sobre eles, mas que
deveriam usar os dons do Espírito, os quais Deus lhes havia dado,
inteligentemente, dirigidos por Sua Palavra e em uma santa liberdade, conforme
fossem guiados pelo Espírito (1Co 12.4-11). O Espírito e a Palavra não podem
ser separados sem que se caia no misticismo e na perdição. Por outro lado, o
mesmo acontece no racionalismo quando separamos o Espírito da Palavra.
Além de inútil, é perigoso aguardar por um segundo derramamento adicional do
Espírito Santo em nós, além daquele que temos. Somos habitados pelo Espírito de
Deus e a Palavra diz que isso nos basta.
O movimento carismático leva as pessoas a buscarem por demonstrações de poder
que não estão em conformidade com a Palavra de Deus, e, portanto, não são pelo
Espírito de Deus. Mesmo nos dias de hoje a demonstração desse poder e as ditas
"línguas" estão com freqüência associadas à má doutrina acerca da
Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, como também ligadas a outras práticas
macabras e heréticas, pois Satanás se transfigura em "anjo de
luz" (2Co 11.13-15); ele é
como um "leão que brama ao nosso derredor, buscando a quem possa
devorar" (1Pe 5.8,9).
Seu grande alvo sempre foi atacar a gloriosa Pessoa e a obra consumada de nosso
bendito Senhor e Salvador Jesus Cristo, e o movimento carismático é uma de suas
maiores armas hoje.
O VERDADEIRO PODER DE DEUS EM NÓS
Nós não devemos buscar por "poder", nem tampouco precisamos, pois, se
somos verdadeiros crentes, nascidos em Cristo Jesus para uma nova vida, nós
simplesmente somos habitados pelo Espírito de Deus, que é o verdadeiro poder, o
qual nos capacita a andar como filhos de Deus, adotados em Cristo Jesus. Neste
momento o Espírito Santo habita os corpos de todos que creram no evangelho (Ef
1.13). Note com muita atenção que não há qualquer registro nas Escrituras de alguém
que tenha recebido ordens de esperar pelo batismo do Espírito Santo após o dia
de Pentecostes. O que existe é a exortação que diz: "Enchei-vos do
Espírito" (Ef 5.18), que
significa que devemos permitir que Ele nos guie em tudo o que fazemos. Ela é dada
em contraste com o embriagar-se com vinho, uma vez que alguém assim estaria
fora de controle, enquanto que aquele que está cheio com o Espírito encontra-se
sob controle, pois dois aspectos do fruto do Espírito são temperança e
equilíbrio próprio (Gl 5.22,23 – Almeida Versão Atualizada).
Onde o Espírito de Deus está verdadeiramente guiando, aí há liberdade e serviço
racional, inteligente e bíblico.
Deus quer que todos os que são Seus "venham ao conhecimento da
verdade" (1Tm 2.4). O
caminho de obediência à Sua Palavra é o único caminho seguro e verdadeiramente
feliz, e neste caminho não existem
desapontamentos e nem esperanças perdidas. Os caminhos da sabedoria "são
caminhos de delícias, e todas as suas veredas, paz" (Pv 3.17).
A Palavra de Deus não nos ordena a buscar por um segundo Pentecostes,
jamais. O que a Bíblia nos ordena a fazer é observar como devemos agir e como
devemos nos reunir ao Nome do Senhor Jesus Cristo em obediência (Mt 18.20),
numa época em que a cristandade se tornou uma grande casa, com "vasos
para honra, outros, porém, para desonra" (2Tm 2.16-26).
TRÊS PONTOS CRUCIAIS SOBRE O FIM DO
DOM DE LÍNGUAS BÍBLICO
Quais as evidências de que o dom de línguas cessou?
1. O dom de línguas era um dom miraculoso de revelação inédita, e, como já
observamos repetidas vezes, a era dos milagres e da revelação chegou ao fim com
os apóstolos. Os últimos milagres registrados no Novo Testamento ocorreram por
volta do ano 58 d.C., nas curas realizadas na ilha de Malta (Atos 28.7-10). Do
ano 58 ao 96, momento em que João escreveu o livro de Apocalipse, nenhum
milagre foi registrado. Os sinais milagrosos como o de línguas e curas são
mencionados em 1 Coríntios, uma das primeiras epístolas a serem escritas. Embora
duas epístolas posteriores tratem cabalmente sobre os dons do Espírito, as
mesmas não fazem qualquer referência aos sinais milagrosos do dom de línguas e
curas instantâneas. Muito pelo contrário, as cartas de Efésios e Romanos
descrevem os dons miraculosos como sinais obsoletos e desnecessários para a
edificação da Igreja. Em ambas as epístolas os dons extraordinários de línguas
e curas já eram considerados sinais pertencentes ao passado (Hb 2.3,4). Com
isto, a autoridade e a mensagem dos apóstolos não necessitavam mais de
confirmação por meio de sinais. Antes do fim do século I, todo o Novo
Testamento já havia sido escrito e circulava pelas igrejas de Cristo. Sendo
assim, os dons de revelação acompanhados de sinais milagrosos haviam cumprido
seu propósito e cessaram. Ao fim da era apostólica, com a morte de João, os sinais que
identificavam os apóstolos como mensageiros da revelação divina já haviam se
tornado questionáveis (2Co 12.12).
2. Como já fora testificado aqui, o dom de línguas tinha como objetivo ser um
sinal para o Israel incrédulo. Também significava que Deus havia começado uma
nova obra que incluiria os gentios (nações fora de Israel). O Senhor se
comunicaria agora com todas as nações em suas próprias línguas por meio do
evangelho de Cristo. O dom de línguas simbolizava tanto a maldição divina sobre
a nação desobediente como também a benção de Deus sobre indivíduos do mundo
todo. Com o estabelecimento da Igreja, Deus começou a se revelar aos povos
espalhados pelo mundo e em todas as línguas. Contudo, uma vez que a Sua
revelação fosse comunicada por completo, tal sinal milagroso já não era mais
necessário. O povo de Deus, a partir do fim da era apostólica, viveria da fé na
Palavra revelada e nunca confiaria em nada fora dela.
3. As próprias epístolas registram que o dom de línguas cessou. Outra vez é
significativo perceber que as manifestações das “línguas” são mencionadas
apenas nas primeiras cartas do Novo Testamento. Depois de 1 Coríntios, Paulo
escreveu pelo menos doze epístolas em que não mais menciona as “línguas”.
Pedro, Tiago, João e Judas jamais as mencionaram. O dom de línguas durou por um
breve período de tempo (mencionado em Atos e 1 Coríntios) e desapareceu na
medida com que a mensagem do evangelho foi disseminada.
Com efeito, logo que a Igreja de Deus foi estabelecida, o dom de línguas
desapareceu. As epístolas posteriores não o mencionam. Tampouco se vê a Igreja
pós-apostólica falando sobre isso. Os assim conhecidos “pais da Igreja” jamais
mencionaram nada a respeito de “línguas”.
CONCLUSÃO
A Palavra de Deus nos ensina que hoje não há necessidade de um sinal para
comprovar que Deus está em constante tratamento com Seu povo à partir de uma
única nação – ISRAEL – a fim de lidar com nações do mundo inteiro. Israel é a
nação escolhida por Deus como um canal de Sua eterna misericórdia para com o
povo escolhido, o qual é composto por indivíduos do mundo todo. Não há
absolutamente nenhuma ordem normativa para a prática do dom de línguas. Em
contrapartida, ao perceber a fixação dos cristãos pelo dom, o apóstolo Paulo
rapidamente os repreendeu sob a base de que o dom de línguas não era a
credencial do verdadeiro cristão, mas sim os frutos do
mesmo.
A partir de três pontos sabemos identificar o verdadeiro cristão hoje:
1. Qual é a credencial de um genuíno cristão? Jesus disse que “pelos frutos sereis
conhecidos” (Mt 7.20) e não que “pelos dons sereis conhecidos”.
2. Os cristãos devem buscar por sinais? A Bíblia diz que “os judeus
pedem sinais e os gregos buscam sabedoria, mas que nós, cristãos, pregamos a
Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos” (1Co
1.22,23).
3. O que é o poder de Deus para a salvação? Jesus diz que “o evangelho é
o poder de Deus” (Rm 1.16), e não que os dons, sinais, curas e línguas o são. Cristo também diz
que “a verdade vos libertará” (Jo 8.32), e
não que “os dons/sinais vos
libertarão”.
Em uma certa ocasião, Jesus disse a Pedro: "Para trás de
mim, Satanás" (Mt 16.23), mostrando
que até mesmo um genuíno crente, útil e verdadeiro na obra do Senhor, pode ser
seduzido e usado por Satanás. O
cristão verdadeiro não vive de sinais, mas vive da fé (Rm 1.17). A fé não pede
sinais. Quem pede sinais é a dúvida. O homem que nasceu de novo, que recebeu o
Espírito Santo, não busca por sinais, mas pelo conhecimento da Palavra revelada
porque esse é o poder de Deus: Seu conhecimento.
Continua em: A
farsa do Continuísmo
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SUMÁRIO - O EVANGELHO sem Disfarces
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