“Não sabeis vós que os santos hão de julgar o
mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de
julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto
mais as coisas pertencentes a esta vida?” (1 Coríntios 6.2,3).
Julgar é uma ordem e não um pecado. A
Escritura determina que um dos deveres primordiais dos santos neste mundo é JULGAR. Mas, como, quando e a quem
julgar? Vejamos o que a Bíblia responde:
● Julgar segundo a reta justiça:
"Não julgueis segundo a aparência, mas JULGAI segundo a reta
justiça" (João 7.24).
● Julgar todas as coisas:
"Mas o que é espiritual JULGA todas as coisas, mas ele mesmo não é
julgado por ninguém" (1 Coríntios 2.15).
● Julgar o pecado na Igreja:
"Pois, por que eu deveria julgar também os que estão de fora da igreja?
Não JULGAIS vós os que estão dentro? Tirai pois do meio de vós esse
iníquo" (1 Coríntios 5.12-13).
● Julgar disputas entre irmãos:
"Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo
um, que possa JULGAR entre seus irmãos?" (1 Coríntios 6.5).
● Julgar as pregações:
"E falem dois ou três profetas, e os outros JULGUEM" (1
Coríntios 14.29).
● Julgar aqueles que pregam um falso evangelho:
"Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro
evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja MALDITO. Assim, como já
vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro
evangelho além do que já recebestes, seja ANÁTEMA” (Gálatas 1.8,9).
● Julgar [e condenar] as obras das trevas:
"E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes
CONDENAI-AS publicamente" (Efésios 5.11).
● Julgar os pregadores:
"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os ‘espíritos’
(homens) são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no
mundo" (1 João 4.1).
Além dos textos supracitados, há uma vasta lista de passagens bíblicas, tanto
no Velho Testamento como no Novo Testamento, que nos estabelece uma das ordens
mais enfáticas de Deus ao Seu povo: JULGUE! Sendo assim, eu poderia
facilmente escrever um livro que tratasse somente desse tema.
A SÍNDROME DE “NÃO JULGUEIS”
"Não julgueis"
(Mateus 7.1a). Esta é a frase sacramental de todo ignorante que julga
hipocritamente. Por que? Porque geralmente esse clichê antibíblico é usado para
estabelecer julgamentos condenatórios contra aqueles que julgam retamente. Ou
seja, não é raro vermos pessoas que se dizem contra o ato de julgar apontando o
dedo para nós. Se os profetas, Jesus Cristo e os apóstolos nos ensinam a
julgar, como poderíamos lidar com tamanha contradição se o versículo acima
fosse interpretado de forma isolada?
O fato é que o versículo 1 de Mateus 7 está ligado ao seu contexto que deve ser
analisado em sua inteireza. Antes que analfabetos funcionais ou falsos mestres
possam isolar fraudulosamente a metade do versículo e sair falando aos quatro
ventos que “não podemos julgar para que não sejamos julgados”, devemos estar
preparados e armados com a “Espada do
Espírito, que é a Palavra” (Ef 6.17), a fim de tapar a boca de tais
insensatos, combater os ardis do diabo e desarmar o inimigo com o conhecimento
de Deus. Sendo assim, analisemos sem demora o contexto de Mateus 7, onde se
encontra o verso:
Mateus 7.1-5: "Não julgueis, para que não sejais julgados.
Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que
tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que
está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como
dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no
teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o
argueiro do olho do teu irmão” (Mateus 7.1-5).
Esse é o contexto! Jesus está aqui nos ensinando que não devemos julgar um
pecador se nós nos encontramos na mesma prática pecaminosa que ele. Do contrário,
seremos os “hipócritas” do verso 5!
Note que Jesus começa dizendo: "...
por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave
que está no teu olho? ". Jesus está chamando este – que deseja tirar o
cisco do olho do outro – de hipócrita, pois seu julgamento não é reto nem
sensato, visto que o sujeito que está julgando permanece na mesma prática
pecaminosa do que está sendo julgado, seja em um nível menor ou maior. Sendo
assim, o ato condenado por Cristo aqui está direcionado ao indivíduo que, no
afã de julgar alguém, não vê que no seu próprio olho tem uma trave gigantesca!
O ensinamento é este: que não julguemos alguém se estivermos na mesma prática que
este alguém comete, e não que não devemos julgar as pessoas. Muito pelo
contrário: É nosso dever julgar todas as coisas.
Note que o que Jesus ensinou em Mateus 7.1-5 é o mesmo que Paulo resume em
Romanos 2.3: “E tu, ó homem, que julgas
os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de
Deus?” (Romanos 2.3). Ou seja, só podemos julgar alguém ou várias pessoas
se estivermos numa posição digna de julgá-los. Esse é o ensino.
OS CÃES E PORCOS DO VERSO 6
A continuação da passagem tem muito a nos fornecer como prova cabal de que
Jesus não está nos proibindo de julgar as pessoas, mas, pelo contrário Ele está,
na verdade, nos orientando a JULGAR a tudo e a todos com coerência e sabedoria.
Vejamos o verso 6, que é onde se conclui a norma:
“Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas
pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem” (Mateus
7.6).
Como definiríamos os “cães e porcos”
após a sua detecção, se não pudéssemos antes julgá-los com a Palavra e
avaliá-los segundo as características apresentadas por Cristo no verso 6? É
justamente quando damos pérolas a um cão que saberemos que ele é um cachorro
devido a sua reação de pisar as pérolas, visto que um cachorro não distingue
pérolas de pedras. Isto é, ao ouvir as verdades do evangelho, o pecador
intitulado como “cachorro” por Cristo interpreta seus ensinamentos como
pedradas, ou seja, como uma ofensa. Igualmente, é assim que se sucede a um
porco: Ambos, cão e porco, ao receberem as “coisas
santas”, reagem como se estivessem sendo agredidos, pisoteiam as “pérolas”
e nos atacam com a finalidade de nos espedaçar. As pessoas que rejeitam o
evangelho que pregamos ficam com raiva das coisas que estamos dizendo, pois o
que estamos dizendo vem da Palavra de Deus e elas odeiam os preceitos de Deus,
por mais que não admitam. Elas podem não admitir, mas a irritação delas diante
das grandes verdades do evangelho mostra quem elas são: cães e porcos.
DEVEMOS JULGAR E DAR NOME AOS BODES
● João Batista chama os saduceus de "raça
de víboras" (Mt 3.7).
● Jesus chamou os fariseus de "raça
de víboras" (Mt 23.33).
● Também os chamou de "filhos do
diabo" (Jo 8.44)
● Judas chama os falsos profetas de "animais
irracionais" (Jd 1.10)
● João chama a todos os que vivem na prática do pecado de "filhos do diabo" (1Jo 3.8-10).
● Jesus chama os Mestres da Lei e os fariseus de:
- "hipócritas" (Mt
23.13,14,15,23,25,27,29)
- "guias cegos" (Mt
23.16,24)
- "cegos insensatos" (Mt
23.17)
- "sepulcros caiados" (Mt
23.27)
- "serpentes" (Mt 23.33)
● O apóstolo Pedro chama os falsos Mestres de:
- "insolentes" (2Pe 2.10)
- "arrogantes" (2Pe 2.10)
- "difamadores" (2Pe 2.12)
- "criaturas irracionais"
(2Pe 2.12)
- "injustos" (2Pe 2.13)
- "devassos" (2Pe 2.13)
- "malditos" (2Pe 2.14)
JESUS NUNCA FOI SIMPÁTICO OU TOLERANTE COM HEREGES E “DOUTORES” DA LEI
A interação de Jesus com as autoridades religiosas de sua época não era nada
cordial; pelo contrário: era hostil. Ao consultarmos a Bíblia, vemos o primeiro
momento da relação de Cristo com os “doutores
da lei” em Lucas 5.17. Daquele momento até chegarmos em Lucas 24.20, onde é
mencionado um grupo de "chefes dos
sacerdotes e autoridades", toda vez que a elite religiosa de Israel
aparece diante de Jesus há conflito entre eles (entre Jesus e os fariseus).
Nessa rivalidade, muitas vezes é o próprio Jesus quem, de caso pensado, provoca
as hostilidades. Quando Ele fala com os líderes religiosos ou sobre eles – seja
em público ou em particular –, normalmente é para julgá-los e condená-los como
tolos e hipócritas (Lc 11.40; 12.1; 13.15; 18.10-14). Quando Jesus percebe que
eles estão o observando a fim de acusá-lo de violar suas restrições artificiais
acerca do sábado ou dos sistemas de lavagem cerimonial criados por eles mesmos,
Ele desafia de propósito suas regras (Lc 6.7-11; 11.37-44; 14.1-6). Em Lucas
11.45-54 observamos que Jesus fora informado de que Seu julgamento contra os
fariseus ofendia os peritos na lei. Esses peritos na lei eram os principais
estudiosos e acadêmicos do Antigo Testamento daquela época. Quando Jesus ficou
sabendo que eles estavam ofendidos por causa de Seu apontamento contra eles, imediatamente
Ele se dirigiu aos peritos da lei e rasgou o verbo contra eles também (Lc
11.45-54).
Jesus nunca usou a abordagem pacifista com hereges, nem mesmo lhes estendeu
a mão para cumprimentá-los. Jesus não tolerava religiosos hipócritas que
insistiam em permanecer na ignorância. Ele jamais se reuniu com eles em uma
fraternidade ecumênica e muito menos fez o tipo de apelo particular gentil que
os ditos “cristãos” da nossa era normalmente costumam fazer antes de advertir
os outros sobre os perigos de se relacionar com falsos mestres. Mesmo quando
lidava com as figuras religiosas mais respeitadas de sua época, Ele enfrentava
os enganos delas de um modo ousado e direto. Às vezes, o enfrentamento de Jesus
contra as crenças e práticas dos doutores da lei era tão intrépido que Ele os
colocava em uma situação de vergonha, expondo-os ao ridículo.
Jesus não era “simpático” com os doutores e mestres conforme algum padrão
pós-moderno que conhecemos, nem lhes estendia a falsa cortesia acadêmica. Ele não
convidava esses ditos “doutores” para uma conversa particular sobre seus
diferentes “pontos de vista”, pois, para Jesus, não era uma questão de ponto de
vista, mas da Verdade contra a mentira. Cristo não exprimia suas falas com
eufemismos a fim de não ofender aqueles que o estavam ouvindo; não tentava
suavizar sua repreensão contra os hereges. Ele não se importava em transformar
seus ensinamentos em discursos totalmente impessoais para evitar que os
sentimentos dos ouvintes fossem feridos; Ele não se importava em fazer nada para
diminuir a rigidez de suas críticas, nem se preocupava em amenizar o caráter
repreensivo de suas severas palavras contra o erro, e muito menos tentava minimizar
o constrangimento público dos fariseus quando estes eram repreendidos por Ele. Cristo
deixava o mais claro possível que desaprovava a religião desses assim chamados
“doutores” e “mestres”. Toda vez que Ele mencionava esses lobos em pele de
cordeiro, parecia totalmente insensível à vergonha e frustração deles diante de
Sua sinceridade. Sabendo que estavam buscando razões para serem insultados,
Jesus muitas vezes fazia e dizia as mesmas coisas que sabia que os deixariam ainda
mais ofendidos.
Sem dúvida, é significativo que a abordagem que Jesus usava para lidar com o
engano religioso é nitidamente diferente dos métodos usados pelas ditas igrejas
do nosso século.
Será que essa personalidade excêntrica e polêmica de Jesus ganharia a admiração
dos acadêmicos e doutores em teologia hoje? Consideremos, pois, o modo como
Jesus tratava seus adversários. Admitamos que seu proceder na terra é, na
verdade, uma repreensão séria à Igreja da nossa geração. É necessário que nos
atentemos cuidadosamente ao modo como o nosso Mestre Jesus Cristo lidava com
falsos mestres, ao que Ele pensava a respeito do engano religioso, ao modo como
Ele defendia a verdade, a quem Ele reconhecia como sendo de Deus e a quem Ele julgava
como herege e condenado – e a como Ele, na verdade, não se encaixava no estereótipo
meigo que hoje tão frequentemente os crentes lhe impõem.
Continua em: Devemos
expor os falsos mestres e citar seus nomes
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SUMÁRIO - O EVANGELHO sem Disfarces
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