A passagem de 2 João 1.10-11 é extremamente
vigorosa a respeito do combate ao erro da heresia, e João deixou isso muito bem
registrado por meio da revelação de nosso Senhor Jesus Cristo. Aqui ele adverte
a um grupo de cristãos a não receber em suas casas qualquer um que não traz a
sã doutrina, muito menos dar-lhes as boas-vindas, “porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras
más” (2Jo 1.10,11). E a história não deixa por menos. Um homem chamado
Irineu, em sua conhecida obra “Contra as Heresias”, no livro
III, escreve sobre um episódio interessante envolvendo o apóstolo João e um
homem chamado Cerinto. Esse fato histórico é contado por Policarpo, conhecido
como bispo de Esmirna e discípulo de João: “E há quem o tenham ouvido dizer que
João, o discípulo do Senhor, indo banhar-se em Éfeso e tendo visto Cerinto nos
banhos, saltou para fora das termas sem ter-se banhado e disse: ‘Fujamos, não
ocorra que também as termas venham abaixo por estar dentro Cerinto, o inimigo
da verdade’".
Assim, podemos constatar o zelo que João nutria pela verdade, o qual legou para
os cristãos subsequentes a munição necessária para que os falsos ensinos
religiosos fossem combatidos.
Não há muito o que dizer sobre a ordem
estabelecida em 2 João 1.10,11, pois a linguagem de João é objetiva e direta,
deixando claro que aqueles que exercem o papel de ensino e pregam um falso
evangelho devem ser radicalmente rejeitados como hereges. Em segundo lugar, o
apóstolo aqui define uma aplicação prática de como defender a verdade com
ousadia e intrepidez: “Se alguém chega até vocês e não traz o verdadeiro
ensino do evangelho, não o recebam em casa nem o saúdem”. Essa seria
uma tradução mais direta ao ponto.
A proibição nesta passagem não se trata de se afastar dos ignorantes acerca do
evangelho. O ensino desses dois versículos não se aplica aos incrédulos que
possam querer visitá-lo em seu lar, nem mesmo àqueles que pertencem a uma seita
ou religião falsa, mas que são pessoas comuns e que ainda estão te conhecendo
ou estão em período de aprendizagem. O ensino da passagem em questão é que você
não deve acolher em sua casa os falsos mestres que alegam pregar o evangelho de
Jesus Cristo; porém, eles pregam um outro evangelho, e não o verdadeiro (cf.
Gálatas 1.6-10). Geralmente esses falsos mestres possuem títulos religiosos,
tais como “Pastor Fulano”, “Reverendo Cicrano”, “Doutor Disso” ou “Mestre
Daquilo“, mas o genuíno cristão saberá identificar esses falsos mestres de
qualquer forma, pois, de um modo ou de outro, esses homens se apresentarão como
“ensinadores” ou “professores” que se dizem “teólogos”. Provavelmente você deve
ter se lembrado da seita “Testemunhas de Jeová”, muito conhecida por rondar as
casas de homens e mulheres que desconhecem a Bíblia a fim de induzi-los a
seguir seus padrões doutrinários encharcados de heresia e doutrinas de demônios.
Aqueles livretos são muito comuns para facilitar o engano sobre os mais
incautos, pois neles contém um compêndio de regras preestabelecidas que afastam
as pessoas do que a Bíblia realmente diz. Sendo assim, a ordem é que não
prestemos nenhum tipo de assistência a esses falsos mestres que desejam entrar
em nossa casa com a finalidade de nos ensinar uma doutrina falsa e emprestar a
sua credibilidade.
Certamente que a mulher para quem João escreveu estava, por qualquer motivo e em
nome da “comunhão cristã”, recebendo falsos mestres em sua casa. Naquele caso os falsos mestres procuravam justamente pessoas compassivas e bem-intencionadas
como essa mulher, descrita na carta. Em 2 Timóteo 3.6 lemos sobre o assunto: “Porque
deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres
néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências”.
Sem anciãos ou outros homens cuidadores na Igreja para estarem atentos a esses
perigos, as mulheres eram mais suscetíveis ao engano naquela época. Tendo se
estabelecido em casas, os falsos mestres esperavam, eventualmente,
"rastejar" para dentro da Igreja. O mesmo acontece hoje. O falso
ensino insidiosamente invade casas cristãs através da televisão, rádio,
internet e literatura. E isso sem mencionar que a mulher continua sendo mais
suscetível ao engano (1Tm 2.11-14).
Os emissários de Satanás são ameaçadores e não perdem tempo em seu serviço. A ordem
de Cristo por meio de João consiste até mesmo em não saudá-los, pois aquele que os
saúda tem participação em suas obras más. Mais uma vez o historiador Irineu nos
apresenta outro caso em seu livro “Contra as Heresias”, que é sobre um
servo de Deus que se negou a cumprimentar um herege muito conhecido em sua
época. Irineu registrou que Policarpo, chamado “pai da igreja” no século II,
quando de frente para o notório herege Márcio, reagiu da forma que todo cristão
deveria, em algum nível, reagir. Policarpo, ao ser perguntado pelo notório
herético Márcio: "Você me conhece?", respondeu: "Eu conheço você
– o primogênito de Satanás" (“Contra as Heresias”, 3.3.4).
Portanto, a passagem de 2 João 1.10-11 não está limitada somente aos hereges
viajantes daquela época, como querem afirmar os ecumenistas dos nossos dias.
Essa passagem não está limitada ao tempo em que a mensagem fora escrita, nem
reduzida a admoestar os crentes a rejeitarem somente gnósticos ou pessoas que
negam a humanidade e divindade de Cristo, mas aponta para um princípio normativo para a
Igreja em toda a sua era. Assim, a Igreja não deve se submeter ao proselitismo
com falsos mestres que deturpam o evangelho da graça em algum nível ou aspecto.
Relativistas teológicos têm argumentado que a fala de João em 2 João
1.10-11 está restrita somente ao grupo gnóstico ao qual ele se refere naquela
ocasião, o que entraria em total desacordo com a Doutrina da Separação bíblica
expressa de forma ainda mais severa em outros textos da Escritura, tais como 2 Coríntios
6.14-18 e Gálatas 1.6-10. O princípio da hermenêutica irrefutável exige que a
passagem de 2 João 1.10-11 seja, de fato, uma ordem de separação bíblica à
Igreja de Deus, que implica não somente aos hereges gnósticos daqueles tempos,
como também a qualquer grupo ou líder que tente persuadir a Igreja com qualquer
doutrina que se oponha ao verdadeiro evangelho, o qual não é outro. Qualquer
ponto do evangelho que é distorcido, minimizado ou acrescentado faz da sã
doutrina “outro evangelho”, não tendo nenhuma relação com o verdadeiro e único
evangelho (cf. Gl 1.6-10).
Continua em: Bíblia
Vs. Catolicismo Romano
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