1. A FÁCIL COMPREENSÃO DO QUE ESTÁ REVELADO
A Teodiceia bíblica é óbvia e determinista, pelo menos para quem admite o que
está nas Escrituras. Deus criou o bem e o mal e continua sendo Bom e Santo. Sim,
Deus não somente criou o bem, como também criou o mal e o pecado que será
praticado pelo pecador. Apologética é fácil; porém, as doutrinas mais simples
das Escrituras são dificultadas por homens que tentam detectar argumentos que
possam defender Deus daquilo que Ele não precisa ser defendido – de Sua soberania exaustiva em conformidade com
Sua bondade e santidade. As pessoas
têm dificuldade em distinguir o ato santo de Deus em criar o "pecado como
conceito" da "prática do pecado". Deus decreta que o homem peque
por razões não pecaminosas, e isto, por mais absurdo que nos pareça humanamente,
não afeta o caráter santo e bondoso de Deus. Essas pessoas não notam a
distinção clara entre “criador do mal” e “praticante do mal”. Se eu escrevo um
livro, eu crio os personagens e defino cada uma de suas características,
peculiaridades, distintivos, emoções, atos e pensamentos. Eu, o autor do livro,
determinarei como tudo irá acabar, assim como fiz com que tudo se estabelecesse
desde a primeira página. No entanto, quem são os responsáveis pelos seus atos?
O autor do livro ou os personagens? A resposta é “os personagens” por uma
questão de lógica: Eu, o autor do livro, determinei que os personagens fossem
os responsáveis por cada uma de suas ações, sejam em pensamentos, palavras ou
em obras. Como dono da obra, tenho o poder e o direito de fazer o que bem
entendo com os personagens que criei para minha própria satisfação como dono da
obra, sem que isso afete a minha índole.
Quando cristãos (em especial os ditos protestantes reformados) são questionados
se Deus é o “autor do pecado”, eles são rápidos em dizer: “Não, Deus não pode
ser o autor do pecado”, e, então, começam a se retorcer, batem a cabeça na
parede, perdem o sono durante noites e se contorcem no chão tentando atribuir
ao homem algum poder de “auto-determinação”, isto é, algum tipo de liberdade
que torne o homem culpado (mesmo quando não há nenhuma relação estabelecida
entre liberdade e culpabilidade), e, todavia, ainda deixar Deus com a
soberania “total”.
Em contrapartida, quando alguns “calvinistas de vitrine” alegam que minha
convicção da soberania divina faz de Deus o autor do pecado, minha tendência é
reagir dizendo: “E daí?”. Cristãos que discordam de mim cantarolam
estupidamente: “Mas ele faz de Deus o autor do pecado... ele faz de Deus o
autor do pecado...”. Contudo, a mera negação de uma premissa não serve de
argumento ou objeção, e eu jamais me deparei com um doutorzinho diplomado que
expusesse uma explicação sequer meio decente do que há de errado em
Deus ser o autor do pecado, em nenhuma obra teológica ou filosófica, escrita
por qualquer um deles, em qualquer época ou de qualquer perspectiva.
2. A EXPRESSÃO HEBRAICA PARA MAL: “RA”
“Eu formo a luz, e crio as trevas; Eu
faço a paz, e crio o mal; Eu, o Senhor, faço todas estas coisas” (Isaías
45.7)
A expressão hebraica usada para mal é “Ra”. Esta palavra é utilizada na Bíblia
tanto para referir-se ao *mal*, contrário de bem (moral), quanto para *mau*,
contrário de bom (adjetivo). Em Gênesis 2.9, 3.5 e 3.22, “Ra” é o termo
hebraico usado para definir o mal absoluto. Da mesma forma, o mesmo termo é
usado em Gênesis 6.5 para afirmar que o coração do homem é inclinado para o
mal, resultado de sua depravação total.
Eu poderia passar dias, meses e anos citando dezenas de outros textos bíblicos
onde “Ra” (mal ou mau) é expressado na Bíblia para definir tanto o mal moral e
absoluto quanto o mau adjetivo: nocivo, danoso, defeituoso, desastroso –
Contrário ao que é bom; muito ruim; moralmente reprovável; que faz maldades.
Tudo dependerá do princípio da hermenêutica irrefutável, isto é, do contexto em
que a palavra “Ra” está inserida. No caso de Isaías 45.7, por exemplo, a
palavra tem o seu significado mais amplo, significando tanto *mal* quanto
*mau*.
Ora, qualquer teólogo honesto, ao atentar-se para todo o contexto do capítulo
45 de Isaías, pode constatar que o vocábulo hebraico “Ra” está claramente
apontando para mal moral e também para mal no que diz respeito à infelicidade
ou desastres naturais. Quando a passagem é verificada de forma minuciosa, fica
patente que Deus é o criador do mal. Tão clara como a neve, esta compreensão
virá à tona se percebermos que o autor inspirado nesse capítulo apresenta Deus
como absolutamente SOBERANO e CONDUTOR sem par da história (incluindo a de
Ciro). Para provar este ponto, basta que analisemos passagens que nos falem
mais claramente:
“E não nos *conduzas* à tentação; mas
livra-nos do *mal*; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre.
Amém” (Mateus 6.13).
Perceba que Mateus 6.13 está falando de tentação. Sabemos que o tentador é
satanás, e que seu objetivo é nos convencer a pecar (Mt 4.1). Logo, o termo
“Ra” (mal ou mau) usado em Mateus 6.13 é para definir o mal moral – perversão,
pecado, transgressão (grego – Kakós)..., e se você nega a autoria e domínio de
Deus sobre o mal, não tem o direito de orar com estas palavras: “E não nos *conduzas* à tentação; mas
livra-nos do *mal*...!
Quando oramos com estas palavras, estamos, por definição, declarando que Deus é
o Autor do mal, pois Ele é quem nos conduz à tentação, assim como fez com Seu
próprio Filho (Mt 4.1). Contudo, Deus não tenta a ninguém e nem pode ser
tentado pelo mal, pois nEle não há trevas (Tg 1.13). Há de se compreender a
diferença entre criador e tentador. O
criador é quem deu vida ao tentador, e não o contrário. Nesse sentido,
Deus, o Criador, é quem conduz o homem à tentação, possui domínio sobre o
tentador e rege todo o cenário, bem como as criaturas que estão sob tentação,
conforme os eternos decretos de um Deus Soberano e que não deve explicações às
suas criaturas (Lm 3.37). Isto é biblicamente óbvio, irrefutável e cristalino.
Somente incrédulos, pagãos, moleques metidos a teólogos (na verdade são papagaios
de outros homens que se dizem teólogos) e pregadores inconstantes negam tamanha
e estupenda verdade: a de que Deus é o Autor de tudo quanto acontece, não sendo
Ele o responsável pelas ações humanas, mas o condutor destas ações, as quais Ele
determinou [na eternidade] que satisfariam toda a Sua vontade e, sobretudo,
manifestariam a Sua glória.
Tanto a ACF (Almeida Corrigida Fiel) quanto a ARC (Almeida Revista e
Corrigida), edição 1948 (NOTA 1) trazem esta mesma definição: “E não nos induzas (ou “conduzas”) à
tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória,
para sempre. Amém” (Mateus 6.13).
O Espírito Santo conduziu Cristo para ser provado no deserto, Deus conduziu
Abraão para ser provado no Monte Moriá, e Deus nos conduz para sermos provados:
“Meus irmãos, tende grande gozo quando
cairdes em várias tentações; sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência”
(Tiago 1.2-3). Mas Deus NUNCA nos tentou (no sentido de operar o pecado
diretamente) para pecarmos. “Ninguém,
sendo tentado, diga: 'De Deus sou tentado;' porque Deus não pode ser tentado
pelo mal, e a ninguém tenta” (Tiago 1.13). Neste sentido, a Bíblia é clara
e se explica a si mesma. Definitivamente,
Deus a ninguém tenta, mas conduz tudo e a todos, tanto a tentação como o
tentador, bem como o que está sendo tentado.
3. SOBERANIA DE DEUS E RESPONSABILIDADE HUMANA
3.1 – O mais terrível ato de maldade e
injustiça moral na história da humanidade foi decretado e executado ativamente
por Deus através de agentes secundários:
“Todavia,
ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por
expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom
prazer do Senhor prosperará na sua mão” (Isaías 53.10).
“Porque verdadeiramente contra o Teu
santo Filho Jesus, que Tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio
Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; para fazerem tudo o que a Tua mão
e o Teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer”
(Atos 4.27,28).
– Quem se levantou contra Deus e o Seu Ungido (Jesus)? Os reis da Terra e os
governantes.
– Quem se reuniu para conspirar contra Jesus Cristo? Herodes, Pôncio
Pilatos, os gentios (nações do mundo) e os povos de Israel nesta cidade
(Jerusalém).
– Quem determinou de antemão, segundo o Seu poder e Sua vontade, as ações dos
reis, dos governantes, de Herodes, de Pôncio Pilatos, dos gentios e de Israel? DEUS.
Independente da inconformação dos que se opõem à soberania exaustiva de Deus, e
independente de pseudo-teólogos que abrem mão de uma hermenêutica
pressuposicional para dar lugar aos seus próprios conceitos baseados na emoção,
Deus ativamente decretou a morte de Cristo por uma boa razão, a saber, a
redenção dos Seus eleitos. Sendo assim, Deus cria e predestina o mal com bons
propósitos em mente, a fim de manifestar a Sua glória.
Entretanto, os inimigos da verdade (incluindo calvinistas professos) insistem
em dizer que, ao decretar que males aconteçam e que homens pequem, Deus se torna
mau em Si mesmo, o que implica em uma blasfêmia. Esse argumento é pobre, fraco,
débil e sem resquício de hermenêutica. Para provar este ponto, basta lembrar
que: (1) Deus está acima da Lei (Ele é a Lei). (2) Para que Deus seja mau ao
decretar o mal, é necessário que Ele crie uma lei dizendo que, ao criar e
decretar o mal, Ele se torna mau. Porém, Ele não o fez. Ao contrário, Sua lei
consiste em que Ele cria o mal, predestina homens a praticá-lo, responsabiliza
o homem pelo pecado e ainda assim Ele (Deus) continua sendo perfeitamente Bom e
Justo (Rm 9.13-24).
A Bíblia é determinista e não abre uma audiência para sugestões. Ela determina
que todo homem seja mau e Deus seja bom, em qualquer circunstância (Rm 3.3-8).
3.2 – Assim como Deus predestinou a mais terrível
ação pecaminosa registrada na Bíblia e na história – a morte injusta de Cristo
na cruz – para satisfazer a Sua própria glória, eleitos e réprobos são ambos
criados para este mesmo fim:
“Direi
ao norte: Dá; e ao sul: Não retenhas. Trazei meus filhos de longe e minhas filhas
das extremidades da terra – a todo aquele que é chamado pelo meu nome, e que
criei para minha glória, e que formei e fiz” (Isaías 43.6-7).
“Nele, digo, em quem também fomos
escolhidos, havendo sido predestinados, conforme o propósito dAquele que faz
todas as coisas, segundo o conselho da Sua vontade; com o fim de sermos para
louvor da Sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo” (Efésios 1.11-12).
“E Eu endurecerei o coração de Faraó,
para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, e
saberão os egípcios que Eu sou o SENHOR...” (Êxodo 14.4).
“Porque
diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu
poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra... E que direis se
Deus, querendo mostrar a Sua ira, e dar a conhecer o Seu poder, suportou com
muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também
desse a conhecer as riquezas da Sua glória nos vasos de misericórdia, que para
glória já dantes preparou...?” (Romanos 9.17,22-23).
4. ORANDO EM SUBMISSÃO A DEUS
“Por que, ó Senhor, nos fazes errar dos
teus caminhos? Por que endureces o nosso coração, para que não te temamos?
Volta, por amor dos teus servos, às tribos da tua herança” (Isaías 63.17).
Assim como o profeta acima, o genuíno cristão não deve sentir dificuldade
alguma em expressar tais palavras em sua oração. Quando clamamos a Deus em
oração – tendo em vista seus eternos decretos – não estamos o
culpando por nossos pecados, mas admitindo que sem Ele não podemos caminhar em
Sua direção, senão que a nossa única atitude será pecar contra o Criador. Assim
como Jó, olhamos para o alto, glorificamos a Deus pelos Seus desígnios e
assumimos nossas responsabilidades diante dEle. Se alguém nos questiona,
dizendo: “Como pode você adorar e servir um Deus que predetermina que males
aconteçam, incluindo pelas nossas próprias mãos?”, devemos responder da mesma
forma que Jó respondeu à sua esposa: “Como
fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o
mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios” (Jó 2.10).
Coloque os manuscritos de teólogos em segundo plano, submeta as tradições dos
reformadores à supremacia das Escrituras, reduza os documentos e concílios legados
pelo magistério das denominações religiosas à nada, e consulte somente a Bíblia
sob o princípio da hermenêutica irrefutável para, então, saber quem é o Criador
do mal. Abra mão de tradições de homens e olhe para as Escrituras. Você verá
que Deus é o Autor sem par de tudo – do bem e do mal.
5. SE PROSTRANDO DIANTE DA SOBERANIA DO CRIADOR
O apóstolo Paulo não usa meios termos quanto ao que de fato explica as más
ações dos ímpios destinados à perdição: “E
por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira; para
que sejam julgados todos os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na
iniquidade” (2 Tessalonicenses 2.11,12). Deus envia um espírito (uma
entidade maligna) sobre os réprobos, de forma ativa (não “permissiva”), e ainda
assim o homem é responsável por não ter crido na verdade. Ponto final.
Da mesma forma, no livro de Lamentações o autor não poupa as palavras para
descrever Deus como o Autor do mal, atribuindo ao homem toda a culpa pelos
danos resultantes e advertindo que todo homem se incline perante o Senhor com
espírito de humildade: “Quem poderá falar
e fazer acontecer, se o Senhor não o tiver decretado? Não é da boca do
Altíssimo que vêm tanto o mal como o bem? Como pode um homem reclamar quando é
punido por seus pecados? Examinemos e submetamos à prova os nossos caminhos, e
depois voltemos ao Senhor” (Lamentações 3:37-40).
Deus quis criar o mal e responsabilizar a nós. Isso o torna Injusto? De maneira
alguma. Ele não deve explicações a ninguém e eu me prostro diante do
determinismo da Escritura. “Seja Deus
verdadeiro, e todo homem mentiroso. Como está escrito: De modo que são justas
as tuas palavras e prevaleces quando julgas” (Romanos 3.4).
6. O MAL É UMA REALIDADE ATIVA NO MUNDO
Alguns seguidores de doutrinas de homens e de tradições ultrapassadas, com base
na Teodiceia de Agostinho, têm afirmado que o mal não possui existência em si
mesmo, e que ele não é algo que de fato exista, e sim uma corrupção do que já
existe. Ou seja, segundo a tradição destes, o mal seria a ausência, distorção
ou privação do que é bom. Ora, o que sobrará de tais teorias se tão somente
abrirmos a boca em favor da Palavra inspirada?
A Bíblia nos mostra claramente que o mal é um ser ATIVO no mundo: “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso
adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”
(1 Pedro 5.8). O diabo é tão real quanto o Seu Criador. Se o mal não
existisse em si mesmo, Deus não teria nos ordenado que o mortificássemos e lutássemos
contra ele (Cl 3.5-8; Ef 6.12)!
7. DEUS DECRETA O PECADO E PUNE O PECADOR POR SUA PRÓPRIA INIQUIDADE
“E se o profeta for enganado, e falar
alguma coisa, eu, o Senhor, terei enganado esse profeta; e estenderei a minha
mão contra ele, e destruí-lo-ei do meio do meu povo Israel. E levarão sobre si
o castigo da sua iniqüidade; o castigo do profeta será como o castigo de quem o
consultar” (Ezequiel 14.9,10)
Visto que “nEle vivemos, e nos movemos, e existimos” (Atos 17.28), num nível
metafísico, é absolutamente impossível fazer algo em independência de Deus. Sem
Ele, uma pessoa não pode nem mesmo pensar ou se mover. Como, então, o mal pode
ser tramado e cometido em total independência dEle? Como alguém pode ao menos
pensar o mal à parte da vontade e do propósito de Deus? Ao invés de tentar
“proteger” Deus de algo que Ele não precisa ser protegido, deveríamos
reconhecer alegremente, com a Bíblia, que Deus decretou ativamente o mal, e
então, tratar com o assunto sobre esta base, com temor e reverência à Sua
Palavra. Quem é de Deus o teme e o obedece.
8. DETERMINISMO BÍBLICO
“A Este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de
Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas
mãos de injustos” (Atos 2.23 – grifo meu).
– Quem determinou tudo de antemão? Resposta: DEUS.
– Quem entregou Jesus para ser morto? Resposta: DEUS.
– Quem é o CULPADO pela morte de Jesus? Resposta: Os injustos.
– Quem está com as mãos sujas de sangue? Resposta: Os injustos.
Não é necessário que eu diga mais nada sobre esta passagem. Ela é tão clara
como o meio-dia: Deus predeterminou – na eternidade – que os injustos matassem
o Seu filho e os fez responsáveis por isso. Deus decreta o mal, mas quem o
pratica é o homem.
9. QUEM É O AUTOR E QUEM É O TENTADOR?
“Então Jesus foi levado pelo Espírito ao
deserto, para ser tentado pelo diabo” (Mateus 4.1).
– Quem é o Autor da história? Resposta: Deus.
– Quem está sendo tentado? Resposta: Jesus.
– Quem é o tentador? Resposta: O diabo.
Mais uma vez eu não preciso explicar nada. Não há necessidade de uma exposição
teológica aqui. Basta ser letrado e honesto com as Escrituras Sagradas. O
Espírito Santo levou Jesus para ser tentado pelo diabo. Perceba que quem
determinou que isso acontecesse foi Deus, não o diabo. O diabo apenas cumpriu
com a vontade de Deus.
10. DECRETO, PUNIÇÃO E RECOMPENSA SOBRE OS HOMENS
“Continue o injusto a praticar injustiça;
continue o imundo na imundícia; continue o justo a praticar justiça; e continue
o santo a santificar-se. Eis que venho em breve! A minha recompensa está
comigo, e Eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez” (Apocalipse 22.11,12).
Veja bem o que dito aqui. Deus decretou que o homem bom continue sendo bom e
que o homem mau continue sendo mau. E Ele recompensará a cada um pelo que
fizeram. Mas, por que Deus age assim? Essa é a pergunta que homens carnais
fazem a si mesmos. O fato é que Deus não pensa como nós. Nosso senso de bondade
e justiça não é igual ao padrão de bondade e justiça de Deus.
11. O CRIADOR, O CÃO E A COLEIRA
O diabo não é uma criatura que surgiu à parte de Deus. Ele também não é um
“deus menor” que fica competindo as almas com o Altíssimo, como numa luta de
boxe. Não há competidores contra um Deus onipotente. O nome disso seria Dualismo
teológico. Dois deuses competindo as almas dos homens. Apesar de muitos negarem
crer desta forma, eles pregam o evangelho com este entendimento – o de que Deus
está competindo com Satanás de alguma forma. Uma das falácias que podem ser
descritas dentro do dualismo teológico é a crença de que o homem pode perder a
salvação, como se o diabo tivesse o poder de tirar algum eleito das mãos de
Deus. Mas a verdade é que a salvação dos eleitos foi conquistada por Cristo na
cruz do calvário. O homem não pode se salvar por si mesmo. Essa salvação já foi
conquistada. Foi Cristo quem nos escolheu e ninguém pode nos arrebatar de Suas
mãos. Quanto àqueles que hão de se perder, eles não podem fazer nada para se
salvar, por mais que busquem pelos seus próprios esforços (Hb 12.17).
“O Senhor disse a Satanás: ‘Pois bem, ele
está nas suas mãos; apenas poupe a vida dele’. Saiu, pois, Satanás da presença
do Senhor e afligiu Jó com feridas terríveis, da sola dos pés ao alto da
cabeça” (Jó 2.6,7).
Embora a realidade que nos cerca no mundo espiritual seja inconcebível à mentes
carnais, o que está escrito permanece. Nenhuma hoste espiritual, homem ou
criatura pode se mover sem o comando de Seu Criador. Satanás não é um oponente
que desconhece os propósitos de Deus. Ao contrário, ele é um cãozinho na
coleira de Seu Dono e sabe muito bem (sabe mais do que muitos homens) o fim
para o qual está destinado.
12. DEUS CRIOU O MAL E CONTINUA SENDO
BOM
Muitos chamam de “hiper-calvinismo” aquilo que é e sempre foi o calvinismo
ortodoxo. Nenhuma criatura é e nunca foi, de algum modo, livre de Deus. Como já
fora provado, isso seria é dualismo. Portanto, não adianta recorrer à lista de
termos como “paradoxos bíblicos”, “vontade permissiva", “decreto
permissivo" (isso é que é um belo exemplo de paradoxo!), pois nada disso
coaduna com a consistência e lógica das Escrituras. Obviamente que Deus não transgride
e nem peca, pois Ele é a Lei (ex-lex). Deus não faz o que é mau, pois isso é
atribuído somente aos seres criados. Somente criaturas pecam, e é assim porque
foi decretado por Deus que assim seja. Ele decide e decreta ativamente o bem e
o mal em suas criaturas, como lhe aprouver, e isso é bom, simplesmente porque é
Deus quem faz.
Deus é bom e o homem é mau e responderá perante Deus pela sua rebelião. O homem
reluta em admitir tal verdade, pois, de alguma forma, quer manter algum tipo de
controle sobre o bem e o mal, por vezes até fazendo mau uso da Bíblia. Ele sai
em 'defesa de Deus' (como se um verme fosse capaz disso) dirimindo verdades
incontestes das Escrituras, e, ao declarar que Deus meramente “permite” o mal,
pensa poder “livrar” o Criador de ser mal visto pelos vermes. Ora, Deus se
mostra como Ele é (“Eu Sou o que Sou”) pela Sua própria Palavra. Ele já
respondeu com precisão! Quem somos nós para dizer que Sua resposta é um
“paradoxo”?
Que Seus filhos Lhe rendam glória!
Davi foi chamado “homem segundo o coração de Deus”, e, no entanto, fez muitas
coisas erradas (na verdade absurdas) e ainda assim não tinha qualquer receio em
dizer que tudo quanto ocorria, incluindo seus atos, vinha de Deus, embora ele
(Davi) assumisse a culpa pelos distúrbios de joelhos: “Os Teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no Teu livro todas
estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem
ainda uma delas havia” (Salmos 139.16).
13. DEUS, O DIABO E O PECADO DO HOMEM
Entre as muitas objeções falaciosas e
tolas contra o fato de que Deus é o Autor do mal está o apelo à Tiago 1.13. Vejamos:
“Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser
tentado pelo mal, e a ninguém tenta” (Tiago 1.13).
Usar este verso para negar que Deus é o Autor do pecado é um dos maus usos da
Escritura sobre os quais eu adverti em muitos dos meus artigos sobre o tema. Ela
não é tão escandalosa como o abuso que muitos teólogos desonestos fazem de
Isaías, mas, todavia, é um mau uso do verso, e no sentido de que este mau uso é
muito mais popular e influente, ele tem sido um erro muito mais danoso.
Considere o contexto. Tiago está discutindo o desenvolvimento prático da fé
cristã em sua carta e, assim, ele freqüentemente enfatiza a responsabilidade
direta do cristão e de uma perspectiva cristã imediata. Tiago está apontando
que o cristão deve considerar e agir em suas lutas como um cristão; ele não
está tratando com metafísica. Em outras palavras, ele está tratando seus assuntos
do ponto de vista de um cristão com relação às suas considerações e
responsabilidades imediatas, e não com relação à princípios metafísicos
mais amplos. Não há nada neste verso sobre os eternos decretos de Deus. Tiago
não está tratando de predestinação aqui.
Contudo, quando estamos discutindo a “Soberania Divina Vs. Liberdade Humana”,
causa e efeito, etc., nós estamos tratando de fato com metafísica. Certamente,
as conclusões alcançadas neste nível carregam implicações necessárias para a
vida prática, e o que a Bíblia ensina sobre metafísica e vida prática é
completamente consistente uma com a outra. Todavia, é verdade que enquanto a
discussão permanecer num nível metafísico, o ponto de referência será
diferente, de forma que alguém deve ser cuidadoso para não inferir
invalidamente um princípio metafísico de um verso sobre instrução prática. Ou
seja, devemos tomar cuidado para não usar um verso sobre os preceitos de Deus
para concluir um assunto sobre os decretos de Deus. Os preceitos de Deus tratam
da vida prática do cristão, enquanto os decretos de Deus tratam daquilo que
Deus já decretou de antemão que aconteça, independente da minha obediência aos
Seus preceitos.
Com isto em mente, leia a passagem novamente. Ela não afirma ou nega que Deus
seja o Autor do pecado – ela não aborda o assunto de forma alguma. Sua
preocupação é completamente diferente. Ela apenas te diz que Deus não é o
tentador, o que é totalmente diferente de dizer que Deus não é o Autor do mal
(ou do pecado, se assim preferir).
Isto é, se Deus diretamente te faz pecar, isto O torna o “Autor” do pecado
(pelo menos no sentido errôneo que as pessoas freqüentemente usam a expressão),
mas o “pecador” ou “praticante do erro” ainda é você. Deus usa agentes
secundários para que o homem seja tentado, como o próprio coração do homem (Tg
1.14) e Satanás e seus demônios (1Pe 5.8; 1Co 7.5; Ef 4.27). Visto que o pecado
é a transgressão da lei divina, para Deus ser um pecador ou praticante do erro,
Ele deve decretar uma lei moral que proíba a Si mesmo de ser o Autor do pecado,
e, então, quando Ele agir como o Autor do pecado de alguma forma, Ele se torna
um pecador ou praticante do pecado.
Porém, a menos que isto aconteça, Deus ser o Autor do pecado não O faz um
pecador ou praticante do pecado. Os termos “autor”, “pecador”, “praticante do
pecado” e “tentador” são relativamente precisos – pelo menos precisos o
suficiente para serem distinguidos uns dos outros. E o fato de Deus ser o “Autor”
do pecado não diz nada se Ele é também um “pecador”, “praticante do erro”
ou um “tentador”. E alguém não ser um praticante do erro significa,
por definição, que Ele não faz nada errado. Portanto, mesmo que Deus
seja o Autor do pecado, isso não significa automaticamente que haja algo de
errado nisso ou que Ele seja um praticante do pecado.
Certamente, ser “Autor” do pecado implica um controle muito maior sobre
o pecador e sobre o pecado do que ser um tentador. Apesar do diabo e a cobiça
poderem ser o tentador e você ser o pecador, é Deus quem diretamente e
completamente controla ambos, o tentador e o pecador – e a relação entre eles.
Embora Deus não seja o tentador, Ele deliberadamente e soberanamente envia
espíritos maus para tentar (1Rs 22.19-23) e para atormentar (1Sm 16.14-23,
18.10, 19.9). Em tudo isso Deus é justo por definição.
O verso de Tiago 1.13 está lhe dizendo que, quando você trata com a tentação,
você deve tratar diretamente com a sua cobiça, e não simplesmente culpar Deus e
não fazer nada depois, ou permanecer em seu pecado. O verso está falando da sua
responsabilidade como cristão. É pra você assumir o seu erro e nunca culpar a
Deus pelo seu pecado, uma vez que, apesar de Deus ter decretado suas más ações,
o pecador continua sendo você. Leia todo o capítulo 1 de Tiago e veja se esta
não é a ênfase óbvia. Ele trata com alegria, fé, perseverança, dúvida, orgulho,
desejo mau (cobiça), ira, corrupção moral e ser um praticante da Palavra. Ele
está tratando com as responsabilidades diretas do cristão na vida prática, e
ele faz isso as relacionando aos motivos internos e características da pessoa.
No verso 13 de Tiago 1, ele está instruindo o crente sobre como se aproximar
corretamente de uma tentação – ele não está tentando explicar a metafísica por
detrás disso. Ele está considerando a responsabilidade do crente com respeito
aos fatores interiores na santificação, e não a causa metafísica ou princípio
para estes. Mas a causa metafísica ou princípio é exatamente o que estamos
discutindo quando consideramos se Deus é o Autor do pecado. Portanto, Tiago 1.13
não é diretamente aplicável ao nosso assunto. Se alguém ainda deseja negar que
Deus é o Autor do pecado, ele terá que usar outra passagem das Escrituras.
Aqueles que citam Tiago 1 para afirmar que Deus não pode ser o Autor do pecado
podem usar o verso 17 para reforçar o entendimento deles do verso 13. Ali diz: “Toda
a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em
quem não há mudança nem sombra de variação” (Tiago 1.17). Contudo, se o
verso 17 for interpretado de uma forma que seja consistente com a
interpretação deles do verso 13, então isto faria com que o verso 17
contradizesse Isaías 45.7. Todavia, se o verso 17
for corretamente interpretado, de forma que não mais contradiga
Isaías 45.7, ele não mais reforça a falsa interpretação deles do verso 13. Um
exame mais detalhado do verso 17 terá que esperar até outra hora, mas o que eu
tenho simplesmente dito já torna a interpretação deles do verso 17 impossível,
de forma que não preciso dizer mais nada para o nosso presente propósito. O
ponto é que nada nesta passagem de Tiago nega (ou afirma) que Deus é o Autor do
pecado.
O motivo e efeito admitidos da resposta reformada popular é para satisfazer os
padrões humanos de justiça e retidão. Dabney, Shedd e outros admitem que a
resposta deles têm em vista satisfazer a intuição humana. Não fosse o fato da
soberania absoluta de Deus ser repugnante para a intuição humana
pecaminosa, feita defeituosa pelos efeitos noéticos do pecado, a questão sobre
o “Autor do pecado” não teria nenhum ponto de entrada lógico nas discussões
teológicas de forma alguma.
Em contraste, o método bíblico para este tipo de perguntas e objeções não é
justificar Deus, mas, em primeiro lugar, repreender o homem por questionar e
objetar a Deus por Ele ser quem Ele é e o que Ele faz ao decretar todas as
coisas.
Isaías 45 é um exemplo:
“Eu sou o SENHOR, e não há outro; fora de mim não há deus... Eu sou o
SENHOR, e não há outro. Eu formo a luz e
crio as trevas; Eu faço a paz e crio o mal; Eu, o SENHOR, faço todas essas
coisas...” (vs. 5-7 – grifo meu).
“Porventura, dirá o barro ao que o formou: Que fazes? Ou a tua obra: Não
tens mãos?” (vs.9).
“Ai daquele que diz ao pai: Que é o que geras? E à mulher: Que dás tu à
luz?” (vs. 10).
Em outras palavras, “Eu sou o único Deus. Seja na prosperidade ou no
desastre, Eu sou o criador de todas estas coisas! Não há outro Deus para
fazê-las. Você ousa me questionar sobre isto? Quem é você para objetar?”.
Note que, embora este verso possa não estabelecer conclusivamente cada detalhe,
diferentemente de Tiago 1.13, ele tem algo a ver com metafísica – com os
eternos decretos de Deus. Ele é o único Deus, e isso está
inseparavelmente conectado ao fato de que é este um e único Deus quem
causa “todas estas coisas”, incluindo tanto a prosperidade como o
desastre. Ele é o criador de todas elas. Isto é uma negação de qualquer tipo de
dualismo – não há outro poder que possa causar prosperidade ou desastre.
(Alguns fazem uma distinção entre mal natural e moral, mas a Bíblia diz que
Deus causa ambos. Vide artigo “O Problema do Mal”, por Vincent Cheung).
Deus não diz: “Oh, não! Eu não sou o Autor do pecado. Embora Eu seja a causa
última de todas as coisas, Eu me distancio de causar diretamente o mal ao
estabelecer causas secundárias e agentes livres. Assim, embora Eu crie e
sustente todas as coisas, os homens pecam livremente, pensando e agindo segundo
as suas próprias disposições. As disposições más vêm de Adão. Quanto a como
Adão adquiriu suas disposições más... bem, isso simplesmente terá que permanecer
um mistério para você”.
Se esta é a resposta de Deus, por que não pular direto para o mistério e nos
economizar algum tempo? Ainda bem que não é essa a resposta de Deus para nós!
A Bíblia nunca responde a este tipo de questões e objeções dessa forma. Há
muitas passagens bíblicas dizendo que Deus causa todas as coisas, e a
metafísica por detrás disso é explicada pela onipotência de Deus – a mesma
onipotência criou tudo.
Por outro lado, todas as passagens que as pessoas usam para negar que Deus é o
Autor do pecado ou para provar o compatibilismo são apenas descrições de
eventos e motivos, sem tratar com a causa metafísica daqueles eventos e motivos.
Porém, ao invés de dar a resposta popular, que é fraca, evasiva, incoerente e
confusa, Deus, sem embaraço algum, diz: “Sim, Eu faço todas as coisas. O que
você vai fazer a respeito disso? Quem é você para sequer me questionar sobre
isso?”. Quando chegamos na metafísica, incluindo a relação de Deus com as
decisões humanas, seja para o bem ou para o mal, é assim que a Bíblia responde.
O TENDÃO DE AQUILES DOS QUE NEGAM A
SOBERANIA DE DEUS
Leiamos Romanos 9.19-21:
“Dir-me-ás, então: Por que Deus ainda nos responsabiliza? Porquanto, quem
resiste à Sua vontade? Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas?
Porventura, a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou
não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para
honra e outro para desonra?”.
Novamente, isto tem algo a ver com metafísica (determinismo, liberdade, etc.),
visto que o contexto tem a ver com eleição e reprovação; tem a ver com o criar
do eleito e do não-eleito; tem a ver com como o oleiro faz o vaso à partir do
barro.
Paulo não diz: “Oh, não! Você não entende. Embora Deus determine todas as
coisas, Ele causa todas as coisas apenas te permitindo fazer decisões
livremente segundo a sua própria natureza, que veio de Adão, cuja natureza
misteriosamente de santa se tornou má, de forma que Deus não é o Autor do
pecado e você é responsável pelas suas próprias decisões e ações”. Não, Paulo
não diz isso.
Pelo contrário, Paulo diz que o controle de Deus sobre os “vasos para honra”
e os “vasos para desonra” é como o controle do oleiro sobre uma massa de
barro. (Certamente, isto é apenas uma analogia; na realidade, o controle de
Deus sobre nós é muito maior do que o controle de um oleiro sobre o
seu barro, visto que o oleiro não criou o barro e seu controle sobre ele é
limitado. Por exemplo, ele não pode fazer com que o barro se torne ouro, mas Deus
criou o próprio material com o qual Ele trabalha e Ele tem controle completo
sobre ele). E assim como a massa de barro não pode questionar o oleiro, a resposta
de Paulo ao objetor não é “Mas você se tornou mal por si mesmo” ou “Mas você
pratica o mal segundo a sua própria natureza”, mas, pelo contrário, ele diz: “Porventura
a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?” (vs.
20 – afirmando assim que os réprobos são feitos réprobos por
Deus e que eles não têm direito de reclamar). Paulo também não diz “Mas Deus
não é o Autor do pecado”. Pelo contrário, ele diz “Deus tem o direito de fazer
uma pessoa justa e outra pessoa má; de salvar uma e condenar outra. Certamente
ninguém pode resistir a Sua vontade! Mas quem é você para replicar?”.
Esta é a atitude da Bíblia. Ela repreende o objetor e responde a objeção ao
mesmo tempo. Mas a resposta não nega que Deus é a causa direta do pecado; pelo
contrário, ela ousadamente diz que Deus tem o direito de fazer tudo o que Ele
quer e que Ele faz tudo o que Ele quer. Ao invés de dar um passo para trás ou
para o lado, ela dá um passo em direção ao objetor e dá-lhe uma bofetada na
cara!
E esta é a resposta de Deus. Ela é forte, direta, simples, coerente e irrefutável.
Ela é perfeita.
14. UM ALERTA SOBRE O DUALISMO TEOLÓGICO
A filosofia dualista, adotada por seitas como o Arminianismo e Pentecostalismo,
consiste no ensino de que o bem foi criado por uma divindade e o mal foi criado
por outra divindade (ou seja, existem dois criadores). Esta heresia tem se
espalhado drasticamente até mesmo pelos corredores das denominações protestantes
históricas e não condiz com a soberania do Deus revelado nas Escrituras. Em sua
premissa original, o dualismo religioso afirma que, no mundo, há duas forças
mutuamente hostis, sendo que uma delas é a origem de todo bem e a outra a
origem de todo mal. A heresia é sutil e passa desapercebida, pois tem uma
conotação própria em cada movimento adepto da respectiva filosofia (direta ou
indiretamente). Algumas ditas “igrejas” (se é que podemos chamá-las assim), na
tentativa de driblar a autoria de Deus sobre o mal, afirmam que o mal não
possui existência própria (???) e que não passa de uma “ofuscação do bem”.
Outras dizem que o mal se auto-criou (do nada)... e outras ainda dizem que o
criador do mal é o diabo. Outras vão ainda mais longe, afirmando que o homem
criou o mal ao desobedecer a Deus (como se um verme fosse capaz de dar origem a
alguma coisa no universo). Seja como for, são muitas as ramificações desse
movimento, cada uma com um interesse distinto... e muitas vezes até político.
CONCLUSÃO
Deus criou TUDO. O diabo é o diabo de Deus. Ele é um cãozinho na coleira de Seu
Criador e só age de acordo com o Seu comando. Muitos pensam, por consequência
do dualismo teológico, que o diabo reina ou reinará no lago de fogo, onde o
tormento é eterno. Não. DEUS é quem reina e reinará sobre tudo. Isso é muito
pior do que qualquer outra “má notícia”.
Sendo assim, podemos e devemos afirmar, sem falso temor, que Deus é o criador
do mal e também do mau. Ele é o Autor de tudo. Quem mais pode criar alguma
coisa? De fato, é realmente triste ver o cenário que hoje se autoproclama “cristão”,
tudo para de alguma forma defender Deus daquilo que Ele não precisa ser
defendido – de conceitos humanistas e limitados sobre quem Ele é e o que Ele
faz.
“Todas as coisas foram feitas por Ele,
e sem Ele nada do que foi feito se fez” (João 1.3).
Continua em: Vontade
preceptiva e vontade decretiva
Para voltar ao início, clique aqui:
SUMÁRIO
- O EVANGELHO sem Disfarces
– Fonte 1: Facebook JP Padilha
– Fonte 2: Página JP Padilha
– Fonte 3: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/
– Fonte 4: https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário