Não. O capítulo inteiro de Mateus 24 está
dedicado a falar com Israel, o povo terrenal de Deus. Para provar este ponto eu
não preciso fazer uma exposição do capítulo inteiro. Basta que analisemos
alguns versículos para entender que a Igreja não é mencionada em nenhuma linha
sequer de Mateus 24, nem tampouco poderia, já que ela viria a ser inaugurada somente
em Atos 2, com a descida do Espírito Santo.
A passagem que iremos abordar é de Mateus 24.13-22. Porém, antes de começarmos,
é imprescindível que se diga que Mateus 24 está inteiramente direcionado a
Israel, com riqueza de detalhes. Em especial, este capítulo trata do momento em
que a Igreja já terá sido removida da terra no arrebatamento. Trata-se do
início da Tribulação. O capítulo 24 de Mateus, entre outras passagens que falam
da Tribulação, costuma ser conectado pelos teólogos do pacto à Igreja na terra.
Porém, isso é um absurdo! Trata-se de uma forma irresponsável e irreverente de
aplicar acontecimentos futuros claramente ligados a Israel e fazer com que a
Igreja usurpe das promessas de bênçãos e castigos feitos claramente ao povo
judeu! A ideia da Igreja substituir Israel ou ser sua continuação não deve ser
tratada como uma mera questão secundária ou “opinião teológica”, como muitos
têm afirmado. Esse pensamento a respeito de Israel e Igreja é uma heresia e
ponto final. A propósito, eu a considero até mesmo maligna por desprezar todas
as promessas feitas por Deus especificamente a esse povo e tentar usurpá-las
para a Igreja.
De um modo geral, Mateus 24 trata do futuro – do tempo da Tribulação e vinda de
Cristo para Israel. A Igreja, que é formada por todos os salvos, será
arrebatada antes do tempo ou período da Tribulação, como vemos
em Apocalipse 3.10: “Como guardaste a palavra da minha paciência,
também Eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo,
para tentar os que habitam na terra” (cf.
1Ts 4.17). Repare que “hora” na passagem é um período de tempo bem
definido. A frase “guardarei da”
(Grego tēreō ek) em Apocalipse 3.10 significa “um contínuo
estado seguro fora de”.
Sendo assim, voltemos nossa atenção à passagem de Mateus 24.13-22. Aqui
aprenderemos que tudo o que Jesus diz está direcionado a Israel, não à
Igreja.
“Mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo. E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a
todas as nações, e então virá o fim. Quando,
pois, virdes estar no lugar santo a
abominação de desolação, predita
pelo profeta Daniel (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judéia fujam para os montes; quem estiver no
eirado não desça para tirar as coisas de sua casa, e quem estiver no campo não
volte atrás para apanhar a sua capa. Mas ai das que estiverem grávidas,
e das que amamentarem naqueles dias! Orai para que a vossa fuga não suceda no inverno nem no sábado;
porque haverá então uma tribulação tão
grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais
haverá. E se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão
abreviados aqueles dias” (Mateus
24.13-22 – grifo meu).
O problema de incluir os cristãos nesta passagem é que as pessoas pensam que
Jesus está falando com a Igreja. Isso é uma falsa interpretação do texto. O
capítulo 24 de Mateus inteiro é direcionado a Israel, em especial ao
remanescente de judeus fieis que irá se converter na Tribulação, após a Igreja
deixar a terra no arrebatamento. Muitos têm dificuldade para entender a
profecia por não discernirem o lugar distinto que Israel e Igreja ocupam nas Escrituras
e nos propósitos de Deus. Não existia Igreja no contexto de Mateus 24, nem em
nenhum lugar do Velho Testamento, o que inclui os evangelhos de Mateus, Marcos,
Lucas e João. A Igreja só veio a existir em Atos 2. Em Mateus 24 Jesus está
falando com ISRAEL e de ISRAEL, se referindo ao período da Tribulação sobre a
terra, quando a Igreja já terá sido arrebatada nos ares no mínimo alguns meses
antes. A Tribulação NÃO É para a Igreja. A Tribulação é um período onde Deus
irá refinar a nação de Israel e cumprir Sua promessa de trazer de volta o Seu
remanescente judeu fiel, conforme a nova aliança que Ele fará com eles (Jr
31.31-33; Rm 11.23,25-27,31).
O EVANGELHO DO REINO NÃO É O EVANGELHO
DA GRAÇA
No versículo 14 Jesus diz: “E este
evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as
nações, e então virá o fim”. Repare que Jesus não está falando do evangelho
da graça, o qual só aparece nas epístolas dos apóstolos. Ele está falando do
“evangelho do reino”, o qual anuncia o retorno do Rei de Israel para reinar por
mil anos sobre a terra, e isso se dará início em Israel. O remanescente de
judeus que virá a sofrer na Tribulação dará testemunho durante os sete anos de
Tribulação, levando o evangelho do Reino a toda criatura. Sim, a ordem do “ide”
foi dada claramente aos apóstolos em circunstâncias judaicas, falando do
evangelho do reino, aquele que anuncia o retorno do Rei de Israel após a
Tribulação (Mt 28.19). Esse não é o evangelho da graça, o qual pregamos hoje. O
evangelho da graça diz: “Crê no Senhor
Jesus Cristo e serás salvo” (Atos 16.31). O evangelho do Reino, que foi
pregado por João Batista aos judeus de sua época e que ainda voltará a ser
pregado pelo remanescente judeu no futuro, diz: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus” (Mateus 3.2).
Um é o evangelho da graça; o outro é o evangelho do Reino.
SEREI SALVO SE PERSEVERAR ATÉ O FIM?
Voltemos ao versículo 13, onde Jesus diz: “aquele
que perseverar até ao fim, esse será
salvo”. Se, como muitos fazem, aplicarmos esta passagem à Igreja,
encontraremos mais um grande problema. Essa aplicação equivocada do verso faz
com que muitos crentes não tenham a certeza da sua salvação, pois eles pensam
que precisam “perseverar até o fim” de suas vidas para serem salvos. Isso faz
da salvação uma obra obtida por esforço humano e joga na lata do lixo a
“salvação pela graça” (Ef 2.8,9). O
versículo 13 deve ser lido tendo em vista o contexto de toda a passagem aqui
apresentada, o qual fala claramente da grande TRIBULAÇÃO e do sofrimento dos
judeus – “Então, os que estiverem na
JUDÉIA, fujam para os montes” (vs 16)... “E orai para que a vossa fuga não aconteça no inverno nem no sábado (vs
20)... etc. Ainda sobre o versículo 13, ele deve estar conectado à conclusão da
passagem, que está no versículo 22: “E se
aqueles dias não fossem abreviados, NENHUMA CARNE SE SALVARIA; mas por causa
dos escolhidos serão abreviados aqueles dias”. Esse é o contexto.
O significado disso é que os que estiverem passando pela grande Tribulação
devem perseverar para se manterem vivos se quiserem entrar no reino terreno de
Cristo, o qual Ele terá inaugurado em Sua segunda vinda após a Tribulação. Não
há nada aqui sobre perseverança para a salvação do espírito e/ou salvação
eterna, mas sim sobre perseverança para não morrer; para não perder a vida do
corpo de CARNE durante a grande Tribulação.
A FUGA NO INVERNO OU NO SÁBADO
Mas, e quanto à “fuga no inverno ou no
sábado” (vs. 20)? Por que Jesus alertou os judeus a orarem para que a
Tribulação não ocorra nessas circunstâncias? E quanto ao possível sofrimento
maior entre as “grávidas e as que amamentarem” (vs. 19)? Há pelo menos quatro
boas razões para acreditarmos que Jesus está se referindo ao remanescente judeu
fiel que sofrerá com a terrível Tribulação que virá sobre a Terra após o
arrebatamento da Igreja:
1 – O LUGAR SANTO
No versículo 15 é dito sobre o “lugar
santo” sendo ocupado pela abominação da desolação. Esse lugar santo não é
uma construção onde se reúnem cristãos, muito menos um edifício católico ou
evangélico como vemos por aí. O lugar santo citado em Mateus 24 será o terceiro
Templo de Jerusalém que será ocupado e profanado pelo Anticristo (Mt 24.15,16;
2Ts 2.3,4; Ap 11.1,2). Também podemos ver no Antigo Testamento a profecia sobre
o terceiro Templo em Daniel 9.27; 11.31; 12.11.
Em Daniel 9.27, o profeta refere-se aos eventos finais da última semana da
chamada “70 Semanas de Daniel” ou “Septuagésima Semana de Daniel” (Dn 9.24), em
que o pronome “ele” diz respeito ao “príncipe
que há de vir”, conhecido no Novo Testamento como o Anticristo
(Anti-Messias): “e ele firmará aliança com muitos por uma semana” é uma
referência ao povo judeu (Dn 9.24). Essa “semana” citada refere-se aos sete
anos de Tribulação em que, “na metade da semana fará cessar o sacrifício e a
oblação”, afirmação que aponta para a existência de um templo em
funcionamento em Jerusalém nos últimos dias.
A vinda desse príncipe, o pequeno chifre (Dn 7.8), trará profanação ao templo e perseguição violenta contra o povo judeu:
“e sobre a asa das abominações virá o assolador”... enquanto a expressão
“e isso até à consumação” aponta para a volta vitoriosa do Messias (Dn
2.35,45). Com o fim da septuagésima semana virá juízo sobre o assolador: “e
o que está determinado será derramado sobre o assolador”.
Ainda em Daniel 11.31, para corroborar com a presença de um templo judaico
reconstruído em Jerusalém, é dito que o Anticristo profanará o santuário e
cessará o sacrifício contínuo. Essa será a primeira metade dos sete anos de
Tribulação. A partir desse tenebroso evento, começará a contar os últimos três
anos e meio, ou mil, duzentos e noventa dias (Dn 12.11).
“Ai daqueles que desejam o dia do Senhor! Para que quereis vós este dia do
Senhor? Será de trevas e não de luz” (Amós 5.18). O “dia do Senhor” é
justamente o dia de Sua ira – o período da Tribulação. A ira do Senhor jamais
cairá sobre a Sua Igreja, pois Cristo disse que não há condenação para a
Igreja, já que ninguém pode tirá-la de Suas mãos (Jo 10.28).
A prova de que essa semana final (Tribulação e Grande Tribulação) ainda não se
cumpriu na história está no fato de Cristo definitivamente relacionar esses
importantes eventos com sua segunda vinda para julgar as nações (Mt
24.6,15-16). Esse evento se difere do arrebatamento da Igreja, que terá
ocorrido antes da Tribulação de sete anos. O arrebatamento da Igreja ocorre
antes do período da Tribulação (Ap 3.10), enquanto a segunda vinda de Cristo
ocorre após esse período (Mt 24.27-30). Sendo assim, Cristo descerá em Sua
segunda vinda com a Igreja já arrebatada para reinar por mil anos sobre a
Terra.
Portanto, no primeiro ponto, tratando-se do versículo 15, quando chegamos na
parte em que diz “no lugar santo a
abominação de desolação, predita
pelo profeta Daniel”, estamos falando do Anticristo invadindo e
profanando o novo e terceiro Templo de Jerusalém. O apóstolo Paulo fala da
manifestação do Anticristo como “o
homem do pecado” e “o filho
da perdição”, querendo ser adorado. Para isso ele “se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora;
de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus”
(2 Tessalonicenses 2.3,4).
Por isso, o terceiro templo também é conhecido como o templo da Tribulação e o
templo do Anticristo. Conforme João em Apocalipse, haverá um templo com altar e
adoração construído pelos judeus ortodoxos para o período da Tribulação (Ap
11.1). Esse templo será profanado pelo Anticristo e pisado pelos gentios:
“E deixa o átrio que está fora do templo, e não o meças; porque foi dado às
nações, e pisarão a cidade santa por quarenta e dois meses” (Apocalipse
11.2).
Mas o domínio do Anticristo não durará para sempre sobre o Monte do
Templo, pois ele será interrompido pelo advento do Messias, isto é, na segunda
vinda de Cristo com Sua Igreja, o qual o destruirá e finalmente estabelecerá o
seu reino em Jerusalém e sobre toda a terra (Ap 20.4).
AS GRÁVIDAS, O INVERNO E O SÁBADO
No versículo 16 Jesus fala para os judeus fugirem para os montes quando virem
que a “abominação da desolação entrou no lugar santo” – no Templo de Jerusalém.
Quando chegamos nos versículos 19 e 20, vemos Jesus falando do sofrimento maior
entre as grávidas e alertando para que eles orem para que tudo isso não ocorra
no inverno ou no sábado. Sendo assim, temos três problemas aqui quando ocorrer
aquele terrível dia: 1 – “Ai das grávidas e das que amamentarem naquele dia”
(vs. 19); 2 – A fuga não pode ocorrer no inverno (vs. 20a) nem no sábado (vs.
20b)). Mas, por que?
Jesus adverte sobre o sofrimento das grávidas e os perigos de "fugirem
para os montes" no inverno ou no Sábado. Temos três empecilhos para a fuga
dos judeus que estiverem em Jerusalém neste dia.
Deve-se ressaltar que não há espaço para a interpretação estapafúrdia dos
teólogos do pacto que dizem que essa passagem está direcionada a nós, a Igreja
de Deus. Oras, se a fuga para os montes, em Mateus 24, se referisse ao povo
celestial de Deus, aos nascidos do Espírito Santo, sendo convertidos em Cristo
Jesus, não haveria necessidade de adverti-los sobre o inverno, o Sábado judaico
e as grávidas, já que:
A IGREJA NÃO PRECISA FUGIR DE NADA
Mais uma vez, esse recado (de fugir para os montes) não é para a Igreja. Não
precisamos fugir de nada! Assim como os primeiros cristãos da era apostólica e
pós-apostólica, somos entregues à morte todos os dias por amor a Cristo (Rm
8.36), e “nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os
principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século,
contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Efésios
6.12). Durante toda a era da Igreja (povo celestial de Deus), os cristãos são
perseguidos e assassinados por seguirem a Cristo, e não há registro no Novo
Testamento, isto é, de Atos até Apocalipse, de uma ordem dada à Igreja para que
fuja do Anticristo. Isso mostra que nós, o Corpo de Cristo, não teremos nem
contato com ele. Então, sabemos que a ordem de “fugir para os montes” só pode
estar conectada ao povo judeu que estará exatamente onde o Anticristo estará,
isto é, em Israel, no Templo.
2 – POR QUE ORAR PARA QUE NÃO OCORRA NO
INVERNO?
Por que orar para que aquelas coisas não ocorram no inverno? Quem tem um pouco
de conhecimento sobre a região de Israel e de toda a Palestina saberá que nos
finais de ano, por volta de dezembro segundo o nosso calendário, os invernos na
região de Israel são rigorosos, impedindo qualquer deslocamento amplo de
pessoas. O frio lá é quase insuportável nessa época. No Oriente Médio em
novembro, quando o clima está mais ameno, possibilitava que os pastores
guardassem o rebanho de suas ovelhas durante as vigílias da noite (Lucas 2.8).
Esse ato jamais poderia ocorrer na Judéia durante o inverno, perto do fim do
ano. Por que? Porque os pastores tiravam seus rebanhos dos campos em meados de
outubro e, durante a noite, os abrigavam rapidamente para protegê-los do
rigoroso inverno que se aproximava. Era um tempo frio e de muitas chuvas.
A Bíblia nos mostra com muita clareza, em Esdras 10.9,13, que o inverno em
Israel era época de chuvas e de muito frio, o que tornava impossível a
permanência dos pastores com seus rebanhos durante as frígidas noites no campo:
“Então todos os homens de Judá e Benjamim em três dias se ajuntaram em
Jerusalém; era o nono mês, aos vinte dias do mês; e todo o povo se assentou na
praça da casa de Deus, tremendo por este negócio e por causa das grandes
chuvas” (Esdras 10.9).
“Porém o povo é muito, e também é tempo de grandes chuvas, e não se pode
estar aqui fora; nem é obra de um dia nem de dois, porque somos muitos os que
transgredimos neste negócio” (Esdras 10.13).
Portanto, é essa a razão de Jesus ter dito aos judeus para que, naquele dia,
eles orem para que a sua fuga não aconteça no inverno. Será impossível saírem
nos campos para se deslocarem para qualquer lugar que seja nessa época do ano.
3 – POR QUE ORAR PARA QUE NÃO OCORRA NO
SÁBADO?
O que os gentios ou a Igreja de Deus tem a ver com o Sábado dos judeus? NADA.
Portanto, mais uma vez, vemos que Jesus se dirige diretamente aos judeus que
sofrerão na Tribulação. Por que orar para que não ocorra no Sábado (vs. 20)?
Aqui já podemos incluir a resposta para o
sofrimento das grávidas caso o Anticristo apareça neste dia sagrado, o
Sábado. A palavra “Sábado” vem do hebraico Shabat, que significa
“Descanso” – o dia judaico dedicado ao descanso e ao culto. Todavia, para o
cristão, mediante o evangelho da graça e conforme vários versículos do Novo
Testamento, o próprio Cristo é o nosso sábado, pois é Ele quem diz ser o nosso
Sábado, e é Nele que somos convidados a descansar todos os dias, em espírito e
em verdade (Mt 11.28; Mc 7.27,28; Jo 4.23).
O Sábado está entre os Dez Mandamentos do Antigo Testamento da Bíblia. A ordem
de Deus para o povo de Israel na dispensação da lei era esta:
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e
farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não
farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem
a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas
portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que
neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do
sábado, e o santificou” (Êxodo 20.8-11).
Em Deuteronômio vemos mais uma razão para Deus ter ordenado ao povo de Israel
que guardasse o dia do Sábado. Os israelitas deviam guardar o Sábado para que
se lembrassem da libertação da escravidão do Egito:
“Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o Senhor teu
Deus. Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho. Mas o sétimo dia é o
sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho nele, nem tu, nem teu
filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o
teu jumento, nem animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro de tuas
portas; para que o teu servo e a tua serva descansem como tu; porque te
lembrarás que foste servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou
dali com mão forte e braço estendido; por isso o Senhor teu Deus te ordenou que
guardasses o dia de sábado” (Deuteronômio 5.12-15).
A pena de morte era imputada àqueles que não cumpriam com a guarda do sábado.
Ninguém, dentre os judeus, podia fazer qualquer obra ou trabalho, por mais
pequeno que fosse o ato. Essa é uma aliança perpétua para com o Seu povo
terreno, Israel. Assim, Deus disse a Israel:
"Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Tu, pois, fala aos filhos de
Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal
entre mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que
vos santifica. Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele
que o profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra,
aquela alma será eliminada do meio do seu povo. Seis dias se
trabalhará, porém o sétimo dia é o sábado do descanso, santo ao Senhor; qualquer
que no dia do sábado fizer algum trabalho, certamente morrerá. Guardarão,
pois, o sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança
perpétua. Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre;
porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou,
e restaurou-se" (Êxodo 31.12-17).
O texto é claro: A guarda do sábado é um sinal ou aliança apenas para os filhos
de Israel e a ninguém mais.
O Sábado era o sinal da aliança de Deus para com eles. Era um prenúncio do
descanso no qual o povo de Deus deveria entrar. Todavia, por causa da
desobediência e total desprezo por parte daqueles que se dirigiam à terra
prometida, Deus jurou em Sua ira que não entrariam no Seu “descanso” (Salmo
95.11). Deus tem o propósito de introduzir o Seu povo (Israel) no Seu descanso,
para o qual permanece ainda a guarda do Sábado (Hebreus 4.9).
Aprofundando-nos um pouco mais na questão etimológica, vemos que a palavra hebraica שבת, shabāt,
tem relação com o verbo שבת, shavāt, que significa
"cessar", "parar". Ou seja, apesar do Shabat ter uma
relação predominante com "descanso" ou "período de
descanso", temos uma tradução mais literal, que seria
"Cessação", com a nítida implicação em "parar o trabalho".
Portanto, Shabat é o dia de cessação do trabalho.
4 – AS GRÁVIDAS
O fato dos judeus não poderem se esforçar no Sábado e a dificuldade de locomoção das grávidas judias irão dificultar em
muito a fuga para os montes quando o Anticristo se introduzir no Templo santo e
se autoproclamar “Deus”. É por isso que Jesus alertou os judeus sobre o sofrimento das grávidas (vs 19) e
para que o Anticristo não chegue ao Templo no
inverno ou no santo Sábado dos judeus (vs. 20).
Já imaginou o sofrimento das grávidas e das que amamentam quando o Anticristo
chegar até o Templo no inverno ou no sábado? Como já fora explicado, o Sábado
judaico é o dia da “Cessação”, quando não se pode fazer obra ou esforço algum.
Desde a queda do homem Deus tem trabalhado no sentido de ser misericordioso.
Porém, o homem sempre rejeita a Deus. No Antigo Testamento dizia que Deus
visitaria a maldade dos pais nos filhos por gerações, e isso nos mostra como
são graves as consequências de nossas escolhas erradas.
Mateus 24 é dirigido ao povo judeu, o mesmo que rejeitou o Messias e irá sofrer
por isso. Hoje os judeus estão de volta à terra, mas em incredulidade, isto é,
não como o cumprimento da profecia que diz que o próprio Deus os levará para
lá. Por terem voltado por iniciativa própria, eles nada mais do que agravaram
sua própria situação, pois é ali mesmo que cairão os juízos descritos em Mateus
24. Do povo judeu, que estiver na terra de Israel por ocasião da grande
tribulação, apenas um terço sobreviverá.
“Em toda a terra, diz o Senhor, as duas partes dela serão exterminadas, e
expirarão; mas a terceira parte restará nela. E farei passar esta terceira
parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como
se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e
ela dirá: O Senhor é meu Deus” (Zacarias 13.8-9).
Portanto, quando você lê “ai das grávidas e das que amamentarem naqueles dias”,
você está lendo sobre as mulheres judias e seus filhos, os quais sofrerão o
dano das escolhas erradas daquele povo ou da rejeição de seu Messias.
“Porque haverá então grande aflição, como nunca houve desde o princípio do
mundo até agora, nem tampouco há de haver. E, se aqueles dias não fossem
abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão
abreviados aqueles dias” (Mateus 24.21,22).
Continua em: Nem
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SUMÁRIO
- O EVANGELHO sem Disfarces
– Fonte 1: Facebook JP Padilha
– Fonte 2: Página JP Padilha
– Fonte 3: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/
– Fonte 4: https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/
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