O dízimo é bíblico? Sim. O dízimo é cristão?
NÃO. A lei do dízimo pertence à dispensação da Lei e era uma instituição
puramente judaica. No Novo Testamento não há nenhum registro sequer dessa
prática e por cerca de 300 anos da história da Igreja não encontramos os
cristãos dizimando, até porque o dízimo consistia em sacrifícios de animais e
colheitas das plantações.
A ORIGEM DO “DÍZIMO CRISTÃO” E DO
SALÁRIO DO CLERO
Cipriano (200-258 d.C.) foi o primeiro escritor “cristão” a mencionar a prática
de sustentar financeiramente o “clero” – uma classe especial de homens
considerados “líderes” da Igreja de Cristo. Cipriano argumentou em seus
escritos antibíblicos que, da mesma forma que os levitas foram sustentados pelo
dízimo no Velho Testamento, assim também o “clero cristão” deveria ser
sustentado pelo dízimo – imposição que consiste em pagar 10% de sua renda a uma
instituição religiosa. Todavia, isso representa uma das mais repugnantes ideias
que alguém poderia ter com relação à Igreja. A partir do momento em que Cristo
morre na cruz e ressuscita dentre os mortos, o sistema levítico está eliminado, juntamente com todo o tipo de
lei mosaica e sacerdócio veterotestamentário. Na Igreja todos os crentes são
sacerdotes, tendo como Sumo Sacerdote Jesus Cristo, que está nos céus. Por essa
razão, se um dito “sacerdote” demanda dízimo dos fieis da Igreja de Deus, ele
está praticando HERESIA e estelionato! O pedido de Cipriano foi bem incomum
naquele tempo. Tanto que não foi apoiado nem divulgado pelo povo cristão
naquela época, mas somente muito tempo depois.
Além de Cipriano, nenhum escritor cristão antes de Constantino (272 d.C. - 337 d.C.) jamais utilizou
referências do Velho Testamento para impor sobre a Igreja a lei do dízimo. Foi
apenas no século IV, 300 anos depois de Cristo, que alguns líderes cristãos
começaram a defender a lei do dízimo como prática cristã a fim de sustentar o
clero. Mesmo assim, isso não chegou a ser comum entre os cristãos até o século
VIII! Segundo o que podemos constatar na história, pelos primeiros 700 anos o
dízimo quase não fora mencionado entre os cristãos, até mesmo entre as
denominações religiosas (seitas) que começaram a ser instituídas a partir do
século IV, por meio de Constantino. Vale ressaltar que, até que a
institucionalização da Igreja começasse por volta do século IV no império
romano, os cristãos se reuniam como Jesus havia ensinado em Mateus 18.20,
dentro de suas casas e em lugares menos pretenciosos do que aquelas réplicas do
Templo judaico que vemos na ruína do testemunho cristão hoje. A judaização da
Igreja começou exatamente no século IV, com Constantino. Porém, a ideia do
dízimo, como já fora mencionado, já estava circulando pouco tempo antes, com os
ensinos de Cipriano.
DA TEORIA PARA A PRÁTICA
Para ser mais exato, o assim chamado “dízimo cristão” migrou do Estado para a
Igreja. Na prática, tudo começou com o Estado tendo total influência sobre as
denominações religiosas e vice-versa, como é o exemplo da “Igreja Anglicana” na
Inglaterra e da “Igreja Católica Romana” na Itália. Na Europa Ocidental, exigir
o dízimo da produção de alguém era cobrar o aluguel da terra que lhe era dada
em arrendamento. Na medida em que a cobrança do aluguel de 10% era entregue à
Igreja, esta aumentava sua quantidade de terras ao longo da Europa. Essa
prática resultou em um novo significado relacionado a esta cobrança de 10%.
Logo chegou a ser identificada com o dízimo levítico! Por conseguinte, o “dízimo
cristão” como instituição foi baseado em uma fusão da prática do Velho Testamento
com a instituição pagã (o Estado). Isto é, não podemos dizer que se trata de
Judaísmo nem de Cristianismo, visto que nem Israel, nem a Igreja edificada por
Cristo jamais exerceu esse tipo de “dízimo” em dinheiro pago a um “clero”.
Já no século XVIII, o “dízimo cristão” chegou a ser um requisito legal nas
ditas “igrejas” em muitas áreas da Europa Ocidental. Nessa época o conceito
bíblico do dízimo judaico, como lei cerimonial praticada no Antigo Testamento,
já havia desaparecido. O “dízimo cristão” tornou-se obrigatório ao longo da
Europa cristã.
Em outras palavras, antes do século VIII, o “dízimo cristão” era um ato de
oferta voluntária (o termo “dízimo” já havia sido distorcido pelas denominações
religiosas). Mas pelo fim do século X, ele passou a ser uma exigência legal
para sustentar a Igreja Estatal — exigida pelo clero e colocada em vigor pelas
autoridades seculares!
Infelizmente, com essa judaização da Igreja, a maioria das denominações
religiosas modernas, principalmente aquelas conhecidas como “igreja
evangélica”, dá continuidade ao ato de dizimar em dinheiro como uma exigência
legal. Certamente você não vai ser castigado fisicamente por não dizimar.
Porém, se você não for dizimista — isto se aplica à maioria das igrejas
modernas — você será excluído das posições importantes do ministério da
denominação a qual está afiliado, e sempre será culpado e atacado de cima do
púlpito das instituições ditas cristãs.
Quanto à ideia do clero receber salários mensais, os ministros da Igreja de
Deus não receberam salários durante os primeiros três séculos d.C. Durante 300
anos isso não é encontrado na história da Igreja. Porém, quando Constantino,
líder estatal da igreja em Roma, entrou em cena ele instituiu a prática de
pagar um salário fixo ao clero. Esse salário era proveniente dos fundos
eclesiásticos e das tesourarias municipais e imperiais. Assim, pois, nasceu o
salário do clero, uma prática daninha que não tem resquício de apoio do Novo Testamento.
Mas isso não é tudo. O ato de pagar um salário ao – assim chamado hoje – “pastor”
obriga-o a ser complacente com os homens. É a lei do “faça por merecer” (o dito
“pastor” diz o que as pessoas querem ouvir e as pessoas dão dinheiro a ele por
isso). O então pastor se torna escravo dos homens. O “vale refeição” do pastor
está garantido na medida em que ele se faz simpático à congregação. Assim,
pois, ele nunca está à vontade para expressar-se livremente sem temer perder
alguns fortes dizimistas. Esta é a praga do sistema do pastor assalariado.
CONCLUSÃO
Embora o dízimo seja bíblico, ele não é cristão. Jesus Cristo nunca ensinou
isso aos cristãos e jamais impôs tal lei à Sua amada noiva – a Igreja. Os
cristãos do século I não o observaram e por cerca de 300 anos o povo de Deus
não o praticou. Dizimar não foi uma prática aceita em grande escala entre os
cristãos até o século VIII! O ato da oferta no Novo Testamento era segundo a
capacidade de cada um e este sim tem a ver com dinheiro e todo o tipo de posse,
além de não ser uma imposição da lei, mas sim um ato de caridade pessoal (1Co
16.1-2; 2Co 8.5, 11-12). Os cristãos doavam AOS POBRES para ajudar a outros, a
fim de apoiar obreiros apostólicos da Igreja, permitindo-lhes viajar e fundar igrejas
(2Co 9.9). O apóstolo Paulo falou sobre “dar e receber” e deixou claro que não
desejava servir de peso a ninguém (2Ts 3.8,9; Fp 4.15-19). NINGUÉM dentre os
cristãos primitivos pediu dinheiro em troca de exercer seu ministério com
honestidade. Um dos testemunhos da Igreja Primitiva foi o de revelar o quão
liberais eram os cristãos com relação aos pobres e necessitados. Foi isso que
fez com que gente de fora da Igreja, inclusive o filósofo Galeno, presenciasse
o poder gigantesco e encantador da Igreja Primitiva e dissesse: “Olhe como se
amam uns aos outros”.
Definitivamente, o dízimo pertence ao Velho Testamento, onde um sistema de
tributação foi estabelecido para apoiar os pobres e onde havia um sacerdócio
especial separado para ministrar ao Senhor. Com a vinda de Jesus Cristo, houve
uma “mudança na lei” — o antigo acordo foi “cancelado” e “posto de lado”, dando
lugar a um novo. Agora, todos somos sacerdotes — livres para entrar no Santo
dos santos, isto é, na presença de Deus (Ap 1.6; 5.10; 1Pe 2.5, 9; Hb 10.19-22; 13.15-16). A Lei, o
velho sacerdócio e o dízimo, todos foram crucificados com Cristo. Agora não há
cortina do templo, nem imposto do templo, e não há um sacerdócio especial que
se coloca entre Deus e o homem. Você, querido cristão, foi libertado da atadura
da lei do dízimo e da obrigação de apoiar o sistema clerical inventado pelos
homens.
Continua em: Divórcio
e Segundo Casamento de Divorciados
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SUMÁRIO
- O EVANGELHO sem Disfarces
– Fonte 1: Facebook JP Padilha
– Fonte 2: Página JP Padilha
– Fonte 3: https://jppadilhabiblia.blogspot.com/
– Fonte 4: https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/
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