“Todo homem esteja
sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de
Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que
aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem
trarão sobre si mesmos condenação” (Romanos
13.1-2).
Quando nos lembramos do fato de que quem escreveu isso estava sob o domínio de
Nero, conseguimos entender que obviamente o apóstolo da graça não estava
falando que deveríamos estar sujeitos apenas às autoridades politicamente
corretas. Foi exatamente assim no caso de Daniel e seus amigos quando debaixo
da autoridade de Nabucodonosor. Foi também o caso de Davi, que mesmo sabendo
que seria o rei sucessor de Saul não ousou feri-lo. Por que? Porque Davi o
reconheceu como rei. Foi o caso do Senhor Jesus, que se sujeitou como ovelha
muda nas mãos de seus algozes. Pôncio Pilatos disse a Jesus que tinha poder
para soltá-lo se Ele dissesse qualquer coisa a seu favor. Mas, qual foi a
resposta de Jesus a ele? “Nenhuma autoridade terias sobre mim se não
tivesse sido dado do alto” (Jo 19.11). Jesus estava sendo claramente
injustiçado por uma autoridade que podia livrá-lo com apenas uma defesa de
Jesus. Mas a atitude de Jesus foi se submeter a essa autoridade e sofrer o dano
da injustiça.
Existe apenas uma exceção que devemos ter em mente: A sujeição às autoridades
não implica fazer aquilo que contraria a vontade de Deus em Seus preceitos.
Quando qualquer lei contrária à Palavra de Deus é estabelecida pelos homens,
temos o dever de desobedecê-la em prol da sujeição à autoridade máxima, que é
Deus. Se uma autoridade tenta exigir que eu mate inocentes, como cristão eu
devo me negar a fazê-lo, pois a honra e a sujeição a Deus estão acima da
sujeição aos homens. É muito importante entender isso.
Entre as dificuldades que alguns cristãos terão para entender o que estou
dizendo, está o fato de que a maioria não entende a diferença entre Israel
(nação terrenal de Deus) e Igreja (nação celestial de Deus). Isso ocorre devido
à má compreensão de religiosos que ainda buscam legitimar suas ações com base
em exemplos de homens do Antigo Testamento que estavam destinados a
interferirem nas coisas do mundo, tanto na política como nos costumes alheios.
Para um israelita isso fazia todo o sentido porque sua esperança estava nas
promessas que Deus fez especificamente à nação de Israel, como a restauração da
nação e o reinado de mil anos de Cristo que ainda ocorrerá na terra, tendo como
centro do mundo a “menina dos olhos” de Deus – Israel. Portanto, o israelita do
Antigo Testamento era até mesmo ordenado a pegar em armas para reconquistar,
por várias vezes, sua terra prometida.
Mas, nada disso faz qualquer sentido para o cristão que entende as dispensações
da Bíblia. Nós não temos uma pátria aqui. Aqui não é o nosso lugar, nem Deus
nos prometeu nada concernente a bênçãos terrenas. Nossa cidade está nos céus.
Se por um lado era normal João Batista se intrometer na vida privada de Herodes
por ele cometer adultério ao se juntar com a esposa de seu irmão, por outro, um
cristão maduro tem ciência de que não deve desejar que o mundo viva segundo os
padrões estabelecidos por Deus. Isso jamais irá acontecer e Jesus deixou tudo
isso muito claro, especialmente nas epístolas. E é pelo mesmo motivo que vemos
ditos cristãos depredando templos católicos e de outras religiões pagãs mundo
afora. Tais cristãos nominais amam o mundo e as coisas do mundo, e por isso
querem, à força, transformá-lo em um lugar saudável para eles. E eles o fazem
sob as mais absurdas justificativas que jamais serão encontradas na Palavra de
Deus.
Sempre que o assunto é Sujeição, devemos ter duas coisas em mente: (1) Todos
nós estamos sujeitos a alguma autoridade: filhos aos pais, esposas aos maridos,
homens às autoridades civis e aos governantes. Porém, a lei da sujeição não
para aqui. Todas as classes supracitadas devem estar sujeitas primeiro a Deus,
a Suprema Autoridade. E é isso que o mundo não entende. (2) Nenhuma autoridade,
exceto a de Deus, é absoluta. Sendo assim, quando qualquer pessoa, em posição
de autoridade, exige de seus liderados qualquer coisa contrária à Palavra de
Deus, os cristãos tem o dever de desobedecê-la em prol da obediência à
Autoridade Suprema que é Deus.
É justamente por não entenderem a hierarquia da sujeição bíblica que muitos
ignorantes, se dizendo sábios, aplicam normas bíblicas de forma incorreta e se
tornam hereges por serem arrogantes. Você já deve ter presenciado muitas
pessoas dizendo que você não pode abandonar as tradições religiosas de seus
pais porque isso faria de você um transgressor do quinto mandamento. Se não,
pelo menos eu vivo ouvindo isso! E não adianta explicar a essas pobres almas
que o primeiro mandamento vem antes do quinto, pois a maioria delas jamais
entenderá e continuará a achar que o número 5 vem antes do 1.
Sem mais delongas, atentemo-nos para algumas passagens:
“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há
autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele
instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de
Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os
magistrados não são para temor quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal.
Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a
autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme;
porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus,
vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que lhe estejais
sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de
consciência. Por esse motivo também pagais tributos, porque são ministros de
Deus, atendendo constantemente a este serviço. Pagai a todos o que lhes é
devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito,
respeito; a quem honra, honra” (Romanos 13.1-7).
Então, aparecem aquelas velhas queixas, tais como: “Mas e se a autoridade for
má? E se os impostos forem abusivos?”. A minha resposta é que eu duvido
bastante que você tenha vivido sob um governo pior do que o de Pilatos ou Nero,
e foi debaixo da autoridade desses governantes que estiveram o Senhor Jesus, os
apóstolos e também os cristãos da metade do século I. Contudo, o Senhor Jesus
Cristo, Criador do Universo, se submeteu aos cruéis desígnios de Pilatos,
reconhecendo que sua autoridade vinha, não dele mesmo, mas de Deus (Jo 19.11).
Portanto, um cristão genuíno deve sempre olhar para uma autoridade – seja ela
boa ou má – reconhecendo que Deus está acima dela e que foi Ele mesmo quem a
colocou ali, para Sua glória e para cumprir Seus eternos decretos.
A razão pela qual a Igreja permanece nesta posição pode ser colocada através de
pelo menos nove princípios irrevogáveis:
1 – Nós, cristãos, não pertencemos a este mundo. Somos cidadãos celestiais (Fp
3.20).
2 – Possuímos a Palavra de Deus como regra de fé e conduta. O que é certo e
errado é decidido à luz da Palavra de Deus e não dos homens (Gl 1.6-10).
3 – Somos habitados pelo Espírito Santo, o qual intercede por nós e não tem o
papel de falar de si mesmo, mas de transmitir tudo o que Cristo nos ensina por
meio da Palavra (Jo 16.13).
4 – Nosso exemplo de conduta vem do Senhor Jesus Cristo e não dos homens.
Assim, tudo o que decidimos na mente, bem como o que falamos e o que fazemos, é
com base no comportamento de Cristo (1Co 11.1).
5 – Nós, cristãos, somos livres em Cristo, mas não livres de Cristo. Somos
escravos dEle e, portanto, estamos sujeitos a Ele como nosso SENHOR (Ef 6.6).
6 – Ao mesmo tempo em que devemos estar sujeitos às autoridades humanas por
serem ministros de Deus para castigar o que faz o mal (Rm 13.1-7), também
sabemos que quando essas autoridades exigem que contrariemos as leis de Cristo,
expressas na Palavra, é nosso dever desobedecê-las em sujeição primária a Deus.
Se iremos tomar uma decisão envolvendo nossas autoridades governamentais, o
faremos sob a base do que a nossa autoridade máxima (DEUS) diz, e não o inverso
(2Co 10.4,5).
7 – Como cristãos genuínos, não carregamos conosco uma lista de regrinhas
medíocres e gnosticistas do tipo “pode ou não pode?”, como os pentecostais e
“testemunhas de jiová” (Cl 2.20-23).
8 – Nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os
principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século,
contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12).
9 – Jesus nos ensina a como prosseguir diante de governos ímpios:
"E, observando-o, mandaram espias, que se fingissem justos, para o
apanharem nalguma palavra, e o entregarem à jurisdição e poder do presidente. E
perguntaram-lhe, dizendo: 'Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e
retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com verdade
o caminho de Deus. É-nos lícito dar tributo a César ou não?' E, entendendo ele
a sua astúcia, disse-lhes: 'Por que me tentais? Mostrai-me uma moeda. De quem
tem a imagem e a inscrição?' E, respondendo eles, disseram: 'De César'.
Disse-lhes então: 'Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de
Deus'. E não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e,
maravilhados da sua resposta, calaram-se" (Lucas 20.20-26).
Portanto, cristãos que se preocupam e se envolvem no combate às injustiças da
política ainda não entenderam a sua cidadania celestial. Eles pensam que este
mundo deveria ser um lar cristão, quando, na verdade, Jesus deixou bem claro
que não temos um lar aqui, e que este mundo está com data de validade. Não há
esperança nenhuma para este mundo. Ele já está condenado. Então, eu pergunto:
Por que os ditos cristãos da atualidade se intrometem no que não é da sua
conta?
É CORRETO AO CRISTÃO FAZER GREVES?
“Sujeitai-vos, pois, a toda a ordenação humana por amor do Senhor; quer ao
rei, como superior; quer aos governadores, como por ele enviados para castigo
dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem. Porque assim é a vontade de
Deus, que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens insensatos; como
livres, e não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos de
Deus. Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai ao rei. Vós,
servos, sujeitai-vos com todo o temor aos senhores, não somente aos bons e
humanos, mas também aos maus. Porque é coisa agradável, que alguém, por causa
da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente. Porque,
que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se, fazendo
o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus. Porque para isto
sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para
que sigais as suas pisadas. O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou
engano. O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não
ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente” (1Pedro
2.13-23).
Na vida profissional, se o cristão é autônomo, ele tem um vínculo moral com o
cliente, e se trabalha em qualquer tipo de empresa, ele cria esse mesmo vínculo
com seu patrão e se compromete a atender seus serviços de forma honesta e bem
feita. O cliente ou patrão são pessoas usadas por Deus para prover nosso
sustento – independente se o patrão é ou não um homem justo diante de Deus. Um
verdadeiro cristão, portanto, não deve de modo algum desapontá-lo ou deixar de
atendê-lo com reta justiça.
E então pessoas me convidam para uma greve (seja por impostos abusivos,
corrupções para todo lado e tudo que temos visto no país). E essa greve irá
afetar diretamente a vida daqueles que o próprio Deus instituiu para pagar meu
salário, o qual será para sustento da minha família. Sim, caro leitor, é DEUS
quem instituiu essas autoridades para colocar a comida em nossa mesa,
independente se você reclama de estar comendo somente arroz com feijão (e ainda
se diz cristão). Então eu pergunto: tal ato é justo diante da Palavra de Deus?
Tudo isso está em concórdia com a doutrina de Cristo? Cristo está comigo nessas
paralisações políticas em favor de um “mundo melhor”? É esse o objetivo de um
cristão bíblico? Foi isso que Jesus nos ordenou a fazer? Onde? Quando? Em qual
epístola?
Entenda: Se um grupo de pessoas decide promover uma greve contra seus patrões e
um cristão concorda em participar porque está insatisfeito com o seu salário,
esse cristão estará desobedecendo a Deus. Por que? Porque Deus nos ordena que
obedeçamos aos nossos patrões independentemente de qualquer injustiça que os
mesmos estejam cometendo contra nós. A menos que seu patrão o mande fazer algo
que entre em conflito com a lei de Deus, a ordem de obedecer a autoridade constituída
por Deus para seu sustento está na Bíblia e não irá sair de lá. O que está
escrito permanece.
COMO REAGIR DIANTE DE AUTORIDADES PERVERSAS E INJUSTAS?
É muito comum vermos ditos cristãos se rebelarem contra as autoridades,
pensando, assim, que estão fazendo um bem maior. Essas pessoas parecem se
sentir como os super-heróis dos cinemas. Mas, será que é correto falar mal das
autoridades? Seria correto desobedecê-las por mera vingança pessoal? Será que
estamos sendo cristãos ao nos intrometermos nos negócios deste mundo? Será que
é biblicamente lícito que eu saia por aí “combatendo a carne e o sangue”, como
se eu fosse uma espécie de “Rambo”? É correto ao cristão escrever livros e
gravar vídeos com o propósito de levar as pessoas à desobediência e rebelião?
Eu estou sendo um homem fiel a Deus quando chego ao ponto de sonegar impostos
ao governo e influenciar os outros a fazerem o mesmo? A resposta para todas
essas perguntas é “não”.
Para provar este ponto, faço um desafio àqueles ditos “cristãos” que sempre
desejam fazer justiça com as próprias mãos: Tente repetir as passagens abaixo
em voz alta enquanto segura um cartaz em uma manifestação que tem efeito
negativo sobre seus senhores segundo a carne, e, ao mesmo tempo, se tiver
coragem, diga para si mesmo diante do espelho: ‘Eu sou um CRISTÃO’.
“A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos
os homens” (Romanos 12.14).
“Evitai que alguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto
uns para com os outros, como para com todos” (1 Tessalonicenses 5.15).
“Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário,
bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para que por herança
alcanceis a bênção” (1 Pedro 3.9)
“Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não
servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de
coração, temendo a Deus. E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração,
como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o galardão
da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis. Mas quem fizer agravo receberá o
agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas” (Colossenses
3.22-25).
“É necessário que lhe estejais sujeitos [às autoridades], não somente por
causa do temor da punição, mas também por dever de consciência” (Romanos
13.5).
Se você é, de fato, um cristão, entenda de uma vez por todas que as
dificuldades, aflições e tribulações estarão sempre com você. Se você abrir a
Bíblia e os livros sobre a história dos pais da Igreja, verá que nada disso era
estranho aos cristãos primitivos. Por que? Porque eles entenderam o que Jesus
disse aos seus: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o
mundo” (Jo 16.33).
Continua em: Pena
de Morte segundo a Bíblia
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SUMÁRIO - O EVANGELHO sem Disfarces
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–– JP Padilha / O Evangelho sem Disfarces
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