domingo, 1 de dezembro de 2019

Pena de Morte e Legítima Defesa segundo a Bíblia

Na Teocracia de Israel, a Lei ordenava a pena de morte para vários atos: Assassinato (Ex 21.12), sequestro (Ex 21.16), sexo com animais (Ex 22.19), adultério (Lv 20.10), homossexualidade (Lv 20:13), ser um falso profeta (Dt 13.5), prostituição e estupro (Deuteronômio 22.4), e para diversos outros crimes.

Esse era um padrão governamental muito superior a todos os que já conhecemos até hoje, visto que foi o próprio Deus quem o instituiu para o Seu povo. Assim, muitas coisas abomináveis aos Seus olhos eram consideradas crime e punidas com a morte ou por meio de outras punições estabelecidas pelo governo teocrático de Israel. Todo cristão deveria desejar um governo teocrático, tal como era no período mosaico (sob a lei de Moisés), pois ele não precisa temer as autoridades, visto que não está em pecado, mas segue uma vida reta diante do SENHOR (Rm 13.3-4).

No entanto, embora existissem severas punições para tais crimes (pecados), Deus frequentemente demonstrava misericórdia quando a pena de morte era imputada. Davi, por exemplo, cometeu adultério e homicídio, e mesmo assim Deus não exigiu que sua vida fosse tirada (2 Sm 11.1-5, 14-17; 2 Sm 12.13).

Todavia, segundo a justiça divina de Deus, todo e qualquer pecado que nós cometemos deveria resultar na pena de morte (Rm 6.23). Felizmente, Deus demonstra o Seu amor por nós não nos condenando, mas dando-nos a vida eterna, isto é, aos Seus escolhidos, perdoando-os todos os Seus pecados sem a punição que era requerida na era patriarcal, sob a teocracia de Israel (Rm 5.8).

“NÃO MATARÁS” – O SEXTO MANDAMENTO

Encontramos no Antigo Testamento o sexto mandamento "não matarás". Todavia, essa não é a tradução correta que a maioria das Bíblias nos apresenta. A palavra hebraica usada no sexto mandamento é "Rasah", que significa “assassinar”, "matar sem motivo” ou “matar fora da lei", e não “Harag”, que significa “matar alguém”. Ou seja, uma melhor tradução do texto sagrado seria: “Não assassinarás” (hebraico “Rasah”). Esse é o sentido original que o hebraico nos apresenta nesse mandamento. Sendo assim, o sexto mandamento do SENHOR em Ex 20.13 é “Não assassinarás”, que indica um crime e também um pecado. Portanto, esta lei não significa a proibição de toda morte, como por exemplo na sentença penal.

O próprio Senhor Jesus usou o termo “Rasah” em Mateus 5.17, 21,22, quando disse:

”Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir... Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás (Rasah – assassinarás); e: quem matar (assassinar) será réu de juízo (pena de morte segundo a lei – Ex 20.13, Dt 5.17). Eu porém, vos digo que todo aquele que, ‘sem motivo’, se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento (pena de morte)”. [ênfase minha]

“Rasah” é o tipo de crime ao qual a Lei está enfatizando em Mateus 5.21,22. De acordo com esse versículo, podemos concluir que outra interpretação da Lei seria: “Não matarás sem motivo!” (v. 22).

Sendo assim, a proibição do sexto mandamento é contra o assassinato ou a vingança pessoal, e não uma proibição da execução penal de um criminoso pelo governo instituído por Deus.

Quando os fariseus trouxeram a Jesus uma mulher que havia sido pega em adultério e perguntaram a Ele se ela deveria ser apedrejada, Jesus respondeu: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra” (João 8.7). Esse versículo não deve ser usado para indicar que Jesus rejeitava a pena de morte daquela adúltera, nem em qualquer outra situação. Jesus estava simplesmente expondo a hipocrisia dos fariseus. Os fariseus queriam fazer com que Jesus violasse a lei civil do Antigo Testamento. Eles realmente não se importavam com o fato de a mulher ser apedrejada, pois a lei exigia que o adúltero devia estar junto com a adúltera para serem ambos punidos pelo crime (onde estava o homem que adulterou com ela?).

LEGÍTIMA DEFESA

“Se alguém derramar o sangue do homem (assassinato), pelo homem se derramará o seu (legítima defesa e pena capital); porque Deus fez o homem segundo a Sua imagem” (Gênesis 9.6).

"Se alguém matar à espada, esse alguém deve ser morto à espada (pena de morte). Aqui está a paciência e a fé dos santos" (Apocalipse 13.10). [Grifo meu].

Matar em legítima defesa não é pecado; é cumprir a vontade de Deus. Homicida ou assassino é aquele que intenciona tirar a vida de alguém para obter lucro ou vantagem indevida sobre o inocente. Aquele que obsta tais iníquos age como magistrado contra o mal. Alguém que, podendo defender a si, aos seus, ou outrem contra o mal, não o fazendo, é cúmplice desse mal. Sua covardia em não agir em defesa do bem o iguala ao criminoso. Somente alguém sem nenhuma dignidade deixa de proteger o inocente para preservar o criminoso iníquo. É isso que a Bíblia está nos ensinando.

QUEM INSTITUIU A PENA DE MORTE?

Foi Deus quem instituiu a pena de morte: “Se alguém derramar o sangue do homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a Sua imagem” (Gênesis 9.6). Jesus concorda com a pena de morte em Apocalipse 13.9-10. Ele também demonstrou estar sujeito à lei e de acordo com a Pena de Morte quando a mesma foi imputada a alguém (João 8.1-11).

O apóstolo Paulo definitivamente reconheceu o poder do governo para instituir a pena de morte onde fosse apropriado (Rm 13.1-5).

Não devemos nos esquecer de que o Deus que disse “não assassinarás” é o mesmo Deus que disse “Mate!” a Moisés, Saul, Josué e a outros de Seus servos no Antigo Testamento.

Sim, Deus permite a pena de morte, porquanto Ele mesmo a instituiu. Mas, ao mesmo tempo, Deus nem sempre exige a pena de morte quando ela é aplicável.

Qual deveria ser a visão de um cristão acerca da pena de morte?

Primeiro, devemos nos lembrar de que Deus instituiu a pena de morte na Sua Palavra. Portanto, seria presunçoso da nossa parte pensar que nós podemos instituir um padrão mais alto que o Dele ou que nós podemos ser mais bondosos do que Ele. Deus tem um padrão mais alto do que o de qualquer outro ser, visto que Ele é Deus; Ele é Perfeito. Esse padrão se aplica não apenas a nós, mas a Ele mesmo. Portanto, Ele ama em um grau infinito, tem misericórdia em um grau infinito e tem ira em um grau infinito, e tudo isto se mantém em perfeito equilíbrio.

Segundo, nós devemos reconhecer que Deus deu ao governo humano a autoridade de determinar a pena de morte quando ela tiver que ser aplicada (Gn 9.6; Rm 13.1-7). Não é bíblico afirmar que Deus se opõe à pena de morte. Nós não temos o direito de nos rebelar contra o governo quando este tiver de executar os autores dos seus crimes, pois estaríamos lutando contra o próprio Deus que o instituiu, além de estarmos desobedecendo uma autoridade posta por Deus para o nosso bem, não para o nosso mal. É claro que, em contrapartida, os cristãos jamais devem comemorar quando a pena de morte é empregada. O fato é que não é bíblico ir contra a pena de morte.

● Textos básicos: Romanos 13.3-4 e Apocalipse 13.9-10

"Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal". (Romanos 13:3-4)

"Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. Aqui está a paciência e a fé dos santos". (Apocalipse 13:9-10).

Gordon Clark resume:

“A pena de morte é especificada tanto no Antigo Testamento (Gênesis 9.6 ª) como no Novo Testamento (Romanos 13.4). Ela é implicada em Gênesis 4.14 e aprovada em Atos 25.11. A pena capital é, portanto, uma parte integral da ética cristã. Esforços contemporâneos para abolir a pena de morte procedem de uma visão não-cristã do homem, uma teoria secular da lei criminal e uma baixa estima do valor da vida” (Gordon Haddon Clark - Essays on ethics and Politics P.10,11).

Continua em: Pastorado Feminino?

Para voltar ao início do livro, clique aqui:
SUMÁRIO - O EVANGELHO sem Disfarces

Acesse meu blog principal – JP Padilha – clicando aqui:
http://jppadilhabiblia.blogspot.com/

–– JP Padilha / O Evangelho sem Disfarces
–– Fonte 1: Página 
JP Padilha
–– Fonte 2: 
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/
–– Fonte 3: 
https://jppadilhabiblia2.blogspot.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário