Deus declara em Sua Palavra:
“Quem
poderá falar e fazer acontecer, se o SENHOR não o tiver decretado? Porventura
não é da boca do Altíssimo que sai tanto o bem como o mal?” (Lamentações 3.37-38).
“Vede agora que Eu, Eu o sou, e mais
nenhum deus há além de mim; Eu mato, e Eu faço viver; Eu firo, e Eu saro, e
ninguém há que escape da minha mão” (Deuteronômio 32.39).
“Eu
formo a luz, e crio as trevas; Eu faço a paz, e crio o mal; Eu, o SENHOR, faço
todas estas coisas” (Isaías 45.7).
O apóstolo Paulo declara a respeito de sua natureza humana:
“Porque
o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço
isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De
maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.
Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com
efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o
bem que quero, mas o mal que não quero esse faço” (Romanos 7.15.19).
Acabamos de ver como a Bíblia é direta ao ponto quando se trata dos
decretos de Deus e da escravidão do homem. Deus diz que não há nada que fuja de
Seus eternos decretos, e Paulo diz que o bem que ele deseja fazer ele não consegue
fazer, mas o mal que ele não quer fazer, esse ele faz. Sendo assim, não é
preciso ir muito longe para concluir que a Escritura derruba por terra toda a
tentativa inútil de legitimar a teoria do “livre arbítrio”.
A ideia do livre arbítrio surgiu de uma doutrina criada por homens há
muitos séculos, a qual visa, entre outras coisas, atribuir algum mérito ao
homem por suas “boas ações”. Essa doutrina anti-bíblica domina maior parte da
cristandade e talvez seja a mais danosa para o entendimento correto a respeito
da obra da salvação. Se quiséssemos resumir este tema,
bastaria dizer que o livre arbítrio é nada mais do que “agir livre de qualquer
influência”, seja ela boa ou má. Todavia, o propósito deste livro é provar, sob
a base da Escritura, que o homem não tem livre arbítrio a partir do momento em
que ele já nasce escravo do seu próprio pecado (Sl 51.5). Isso não significa
que o homem não faça suas escolhas, mas que todas as suas escolhas partem de
uma influência interna ou externa. Ou seja, este capítulo objetiva provar,
predominantemente, que o homem perdido é incapaz de se salvar e que o homem
salvo é incapaz de se perder. A segurança
da salvação, em Cristo Jesus, é confirmada na Bíblia. Como isso será
provado? A resposta é simples: por meio da Escritura Sagrada.
Quando o pecado entrou no mundo, o homem ganhou o conhecimento do bem e do mal,
mas não lhe foi dado poder para fazer o bem por conta própria ou para evitar o
mal. A Bíblia nos ensina isso através do Espírito Santo, dizendo: "Todos
se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um
sequer" (Romanos 3.12). É aqui que todo leitor interessado no
assunto deveria começar: na doutrina da Depravação
Total do homem, em Romanos 3. Pois é aqui que é provado que o homem não
pode fazer o bem por si mesmo, pois ele é corrompido em todas as suas
faculdades. Qualquer boa obra que ele faça, isso veio do alto, isto é, de Deus.
No entanto, a palavra "bem" na passagem que acabamos
de ver não se refere a um “bem” aos olhos humanos, mas ao que é bom aos olhos
de Deus. No que diz respeito às obras do homem caído, o mesmo capítulo de
Romanos continua dizendo: "A garganta deles é sepulcro aberto; com
a língua urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios; a boca, eles a
têm cheia de rapina e maldade; seus pés são velozes para derramar sangue; nos
seus caminhos há destruição e morte; e desconheceram o caminho da paz" (Romanos
3:13-17).
Veja o que Deus fala a respeito das nossas próprias obras de justiça:
"Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como
trapo da imundícia" (Isaías 64.6). No texto original, a
expressão "trapo da imundícia" é "pano
de menstruação". Ou seja, se você considerar o fato de que Deus coloca
nossas justiças no mesmo nível de um absorvente higiênico usado, vai perceber
que não existe nem reciclagem para nossas boas obras.
A respeito disso, Mario Persona comenta:
“Se ‘fazer o bem’ fosse escolher sorvete de coco, eu nunca faria o bem porque
escolho o que considero melhor para mim, não para o dono da sorveteria. Um
religioso acredita fazer o bem, mas se ele não é convertido a Cristo está
apenas fazendo de conta, porque, no final, está mesmo escolhendo fazer aquilo
que acha melhor para si mesmo. Pense nas pessoas “caridosas” que fazem boas
obras visando eliminar o próprio carma ou pecado e você irá entender o que
estou dizendo. Para elas o sofrimento alheio é um grande negócio se a boa ação
de amenizá-lo valer milhas na viagem para o Paraíso. Erradicar a miséria e o
sofrimento seria péssimo, porque aí o religioso só poderia se livrar do próprio
carma sofrendo horrivelmente”.
As boas obras são fruto da salvação, e não um pré-requisito para ser salvo.
Essas boas obras vêm acompanhadas de uma fé única em Jesus Cristo e
especialmente de conhecimento de Deus. Vejamos o que diz a Bíblia:
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós,
é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos
feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou
para que andássemos nelas." (Ef 2:8-10).
Ou seja, somos salvos “para” as boas
obras e não “pelas” boas obras. Só o
que já fora dito aqui já prova que o livre arbítrio é uma ilusão ensinada na
maioria das ditas igrejas evangélicas e no catolicismo romano. Tudo que a
doutrina do livre arbítrio – também conhecida como Arminianismo - ensina não
passa de mera filosofia humana.
Mas alguém poderá perguntar: “E quando a Bíblia fala das boas obras como uma
das marcas do cristão? Quer dizer que o homem de Deus não faz o bem?”. Em Atos
10 é dito que Cornélio era um homem "piedoso e temente a Deus, com
toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a
Deus" (Atos 10.2), e suas esmolas e orações eram aceitas por
Deus. Como pode ter sido assim? Parece ser uma contradição com o que é dito em
Romanos 3, onde Paulo escreve com todas as letras: "Como está
escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há
ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram
inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só" (Romanos 3.10-12).
À primeira vista isso pode parecer uma contradição, pois em Romanos 3 Paulo
está falando do homem natural, o qual ainda vive em sua natureza adâmica e não
se converteu a Cristo em sua consciência, como é dito em Efésios 2.2-3: "...andando
segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do
espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos
desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e
éramos POR NATUREZA filhos da ira, como os outros também".
O texto sagrado está claramente dizendo que ou somos escravos do pecado ou somos escravos de Cristo. Essa
conclusão já seria o suficiente para concluirmos o assunto.
Cornélio era um gentio convertido ao Judaísmo, isto é, um prosélito. E isso
também o mantinha muito próximo da Palavra de Deus. A palavra "água" no
capítulo 3 de João foi aplicada pelo Espírito Santo (o "vento" de
João 3) a Cornélio para que ele nascesse de novo, por meio da conversão a Jesus
Cristo. Por meio da "água" da Palavra e do "Espírito",
Deus havia deixado Cornélio pronto para ouvir o claro evangelho de que Cristo
morreu, ressuscitou e voltará. Pedro pregou a Cornélio em Atos 10.38-44, e
então ele creu no evangelho da graça e
foi selado com o Espírito Santo.
Agora note algo interessante: somente quando o evangelho da graça é pregado e recebido em sua clareza, é que o
Espírito Santo sela a pessoa que crê:
"A palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por
Jesus Cristo (este é o Senhor de todos); esta palavra, vós bem sabeis, veio por
toda a Judeia, começando pela Galileia, depois do batismo que João pregou; como
Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou
fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele.
E nós somos testemunhas de todas as coisas que fez, tanto na terra da Judeia
como em Jerusalém; ao qual mataram, pendurando-o num madeiro. A este
ressuscitou Deus ao terceiro dia, e fez que se manifestasse, não a todo o povo,
mas às testemunhas que Deus antes ordenara; a nós, que comemos e bebemos
juntamente com ele, depois que ressuscitou dentre os mortos. E nos mandou pregar
ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e
dos mortos. A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que
nele creem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome. E, dizendo Pedro
ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a
palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com
Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também
sobre os gentios" (Atos 10.36-45).
O ser humano é uma criatura caída. Não existe no homem qualquer partícula de
sanidade e bondade que o leve a escolher fazer o bem ou a crer em Jesus Cristo.
“Na verdade, na verdade te digo que
aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3.3). O
que Jesus quer dizer com isso? Certamente Ele não está se referindo ao batismo
com água, mas sim ao batismo com o Espírito Santo, que é o que converte o homem.
Quando Jesus disse "Necessário vos é nascer de novo", ele
não estava dando uma ordem do tipo "se esforce para nascer",
pois, se fosse assim, a própria expressão “nascer” já
teria sido usada de maneira errada. Afinal, quem de nós decidiu nascer ou fez
qualquer esforço na hora do parto? Você consegue imaginar o médico gritando
para a futura mãe de pernas abertas: "Vamos lá, Zezinho, força
garoto! Você consegue! Coloque o pezinho na parede do útero e empurre! Se
quiser, jogo uma corda daí de dentro, que você segura nela e eu
puxo!". Não, não é assim
que acontece o novo nascimento ao qual Jesus se refere. Esse novo nascimento só
pode ser operado pelo Espírito de Deus para converter o homem de seus pecados e
fazê-lo seguir a Cristo pelo resto de Sua vida. Veja bem: Em nosso
nascimento carnal, fomos a parte mais passiva de todos os envolvidos. Nossos
pais decidiram ter um filho, nossa mãe passou nove meses cuidando de nossa
gestação, e todo esforço, dor e sangue derramado vieram dela, não de nós.
Assim é a salvação: uma obra exclusiva de Deus, sem nenhuma participação do
homem. Essa salvação teve início nos tempos eternos, passou pelo novo nascimento e se consumou com o selo do Espírito Santo, sem qualquer
participação do homem.
Nenhum homem salvo pode resistir ao Espírito Santo: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me
seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as
arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém
pode arrebata-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um” (João 10.27-30). Da mesma maneira, nenhum homem condenado pode se
achegar a Deus, pois, por mais que ele às vezes tente se arrepender de seus
pecados, não há uma conversão genuína: “Porque
bem sabeis que, querendo ele [Esaú] ainda depois herdar a bênção, foi
rejeitado, porque não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o
buscou” (Hebreus 12.17).
"O vento assopra onde quer, e
ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo
aquele que é nascido do Espírito." (João 3.8).
Na passagem abaixo, em Efésios 1.3-14, passou-se uma eternidade até que
chegasse o momento em que uma ação vinda de nós — o crer em Cristo —
acontecesse. Mas essa ação parte primeiramente de Deus, que parte em nosso
resgate para nos ressuscitar e nos dar a vida eterna, pois estamos mortos em
nossos delitos e pecados. Deus nos elegeu, predestinou, providenciou a redenção
(sim, Ele providenciou a redenção antes de existir o homem), descobriu o
mistério da Sua vontade (não fomos nós os espertos que descobrimos por nós
mesmos), nos incluiu em sua herança, "segundo o conselho da Sua
vontade", ou seja, porque Ele quis, até chegarmos ao ponto em que
ouvimos, cremos e Ele nos selou com o Espírito Santo, garantindo assim a nossa
salvação eterna e irreversível, a qual ninguém pode nos tirar.
"Bendito O DEUS E PAI de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual NOS ABENÇOOU
com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também
NOS ELEGEU nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor; E NOS PREDESTINOU para filhos de adoção
por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para
louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, em
quem TEMOS A REDENÇÃO pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as
riquezas da sua graça, que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e
prudência; DESCOBRINDO-NOS O MISTÉRIO DA SUA VONTADE, segundo o seu
beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas
as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus
como as que estão na terra; nele, digo, em quem também FOMOS FEITOS HERANÇA,
havendo sido PREDESTINADOS, conforme o propósito daquele que faz todas as
coisas, segundo O CONSELHO DA SUA VONTADE; com o fim de sermos para louvor da
sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; em quem também vós estais,
depois que OUVISTES a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e,
tendo nele também CRIDO, FOSTES SELADOS COM O ESPÍRITO SANTO DA PROMESSA. O
qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para
louvor da sua glória" (Efésios 1.3-14).
Continua em: Eleição
incondicional e Reprovação incondicional
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SUMÁRIO - O EVANGELHO sem Disfarces
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