Muita gente pensa que o fim dos tempos ocorre
quando Jesus volta à terra, julga todo mundo misturado, lança os réprobos no
lago de fogo e leva para o céu os seus escolhidos. Na mente dessas pessoas,
tudo se trata de um único evento: o Juízo Final com a vinda de Cristo para
incluir crentes e descrentes neste juízo. No entanto, isso é um erro grotesco de
interpretação bíblica e uma total ignorância acerca dos vários tipos de
julgamento que ocorrerão nos últimos dias. Nas linhas que se seguem, eu
gostaria de explicar ao leitor que existem pelo menos três tipos de julgamento
que ocorrerão no corredor da história, começando no céu, onde Cristo tratará de
forma privativa com a Igreja já arrebatada. Como será provado aqui, no céu
haverá um julgamento conhecido como Tribunal de Cristo, do qual somente os
crentes participarão. É o único julgamento onde não há juízo sobre a pessoa,
mas somente uma comparação das obras de cada um dentro do Corpo de Cristo.
Portanto, vamos entender melhor os diferentes julgamentos que Deus executará no
fim dos tempos.
Não devemos confundir o Tribunal de Cristo, descrito em 2 Coríntios 5.10,
com o Julgamento das Nações de Mateus 25 (“o dia do Senhor”), nem com o Grande
Trono Branco de Apocalipse 20.10-15. São três eventos totalmente distintos.
Por falta de conhecimento, muitos cristãos passam quase a vida inteira na
igreja temendo o Juízo final, sem saber sequer a diferença entre o Tribunal de Cristo, o Julgamento das Nações
e o Grande Trono Branco. E parece que aos seus líderes religiosos é conveniente
que continuem sem saber. Minha vontade é de perguntar a essas pessoas se elas
de fato creram em Cristo e no seu sacrifício vicário, perfeito e suficiente.
Além desses "pastores" não ensinarem às pessoas a diferença entre o Tribunal
de Cristo, o Julgamento das Nações e o Grande Trono Branco, ainda ensinam a
elas que Mateus 24 está falando da Igreja, fazendo-as acreditar que os horrores
da Tribulação cairão sobre a Noiva de Cristo. Oras, qualquer leitor iniciante,
que tenha responsabilidade com as Escrituras, verá que Mateus 24 está
inteiramente direcionado a Israel e falando sobre Israel. A Igreja não passará
pela Tribulação, e isso está bem registrado no Novo Testamento. Vejamos,
portanto, a diferença entre os julgamentos que acontecerão no fim dos tempos.
O TRIBUNAL DE CRISTO (2Co 5.10)
Os
crentes não participam do Julgamento das Nações porque já estarão no céu no
mínimo sete anos antes, e não passarão pela grande tribulação. Os crentes
também não são julgados no Grande Trono Branco, pois são salvos desde o
princípio do mundo. O que os crentes encontrarão é o Tribunal de Cristo descrito em 2 Coríntios 5.10: "Porque
todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba
segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal". Em 1
Coríntios Paulo fala mais desse tribunal que não tem caráter condenatório, mas
de apreciação das obras praticadas pelo crente. É algo parecido com um concurso
de pintura, onde o que está sendo julgado não é o pintor, mas a qualidade de
seu trabalho.
"E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro,
prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, A obra de cada um se
manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e
o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa
parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar,
sofrerá detrimento; mas o tal SERÁ SALVO, todavia como pelo fogo" (1
Coríntios 3.12-15). Essa passagem nos ensina de forma clara que até mesmo
aquele que não fez obra alguma digna de ser aproveitada SERÁ SALVO.
O JULGAMENTO DAS NAÇÕES (Mt 25.31-46)
Mateus
25.31-46 nos fala da segunda vinda de Cristo para julgar as nações e
reinar. Isso ocorre depois do arrebatamento da Igreja (descrito em 1
Tessalonicenses 4.16-18) e da grande tribulação (descrita em Mateus 24). O Julgamento das Nações é também
conhecido como “o dia do Senhor” (2Ts 2.2; 2Pe 3.10; 1Ts 5.2, etc.).
“Quando o Filho do homem vier em sua glória, com todos os anjos,
assentar-se-á em seu trono na glória celestial. Todas as nações serão
reunidas diante dele, e ele separará umas das outras como
o pastor separa as ovelhas dos bodes” (Mateus 25.31).
Uma coisa interessante que vemos em outra passagem que fala do mesmo evento
é que Jesus descerá acompanhado também dos santos que foram arrebatados antes
da Tribulação:
“Para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em
santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo com todos os seus santos” (1 Tessalonicenses 3.13).
Aqueles que ensinam que não há um arrebatamento antes da Tribulação
deveriam explicar de onde vieram esses santos que estavam com Ele no céu e
voltaram juntamente com Ele para reinar do céu. Como estes santos foram parar
lá, senão por meio do arrebatamento antes da Tribulação?
Mas, voltando ao assunto sobre o Julgamento
das Nações, observe algo interessante aqui: Jesus vem com todos os seus
anjos e santos para o Julgamento das Nações (ou gentios), identificadas aqui
como "bodes" e "ovelhas". Se você observar o Antigo
Testamento, verá que o julgamento de nações era algo comum, e Deus fazia isso
levando em conta como elas tratavam o seu povo terreno, Israel.
O Julgamento das Nações é um julgamento coletivo de grupos
de pessoas vivas, dentre as quais algumas continuarão vivas para desfrutarem do
reino milenar de Cristo e outras serão mortas para aguardarem o julgamento
individual do Grande Trono Branco no
final de Apocalipse. Ou seja, as ovelhas representam o grupo dos que serão
mantidos vivos para entrarem no reino de mil anos de Cristo, enquanto os bodes
são aqueles indivíduos que serão mortos para aguardarem o Juízo Final. No
arrebatamento da Igreja, que ocorre sete anos antes disso tudo, somente os
salvos são ressuscitados para serem levados ao céu (1Ts 4.16-18). Os mortos em
seus pecados continuam em suas sepulturas, aguardando o Juízo Final. Da mesma
forma, no Julgamento das Nações, os
perdidos serão mortos justamente para aguardarem o Juízo Final (no Grande Trono
Branco) para serem julgados após os mil anos de reinado de Cristo. Eles serão
lançados no lago de fogo.
Existe uma passagem em Joel que pode ser identificada com este momento
aqui: “Congregarei todas as nações, e as farei descer ao
vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu
povo, e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam entre as nações e
repartiram a minha terra” (Joel 3.2).
É importante notar que as nações (gentios) serão julgadas de acordo com a
maneira como trataram o remanescente fiel de Israel, aqueles judeus convertidos
durante a tribulação, muitos dos quais terão sido martirizados. Se prestarmos
atenção, veremos que existem aqui três classes, e não apenas duas: "bodes",
"ovelhas" e "pequeninos irmãos".
Os "bodes" serão as nações que não deram guarida
aos "pequeninos irmãos", os judeus convertidos nesse
período da tribulação, que estarão sendo perseguidos pelo Anticristo. As "ovelhas" serão
as nações que protegeram e alimentaram esses judeus errantes. Estas recebem do
Rei a promessa: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino
que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mateus 25.34).
É muito importante entender que Mateus 25, onde fala da separação de bodes
e ovelhas – no Julgamento das Nações
–, não se trata da salvação eterna, já que esta não é obtida por meio de boas
obras. A promessa é de participarem vivos do reino de Cristo na terra, o qual
durará mil anos. Durante esses mil anos, aqueles que pecarem serão julgados
todas as manhãs e serão mortos, para depois serem julgados no Grande Trono
Branco. Entenda-se que o reino de Cristo na terra será formado por pessoas que
não necessariamente nasceram de novo, mas que apenas professam submissão ao
Rei, algo muito parecido com o que acontece hoje na cristandade. É preciso
lembrar que no final dos mil anos Satanás será solto (ele ficará preso no
período de mil anos) e irá arrebanhar milhões de seguidores para lutarem contra
Cristo, o que mostra que nem todos terão entrado no milênio realmente
convertidos, e nem todos os que nascerem nesse período serão de Deus.
O Senhor se identifica com estes judeus de tal modo que os chama de “meus
pequeninos irmãos”. Serão esses “pequeninos irmãos” os que
se recusarão a negar o nome do Senhor e a ter a marca sobre suas mãos e testas.
A identificação do Senhor com seus "pequeninos irmãos" faz
lembrar a identificação dele com a Igreja no livro de Atos, quando ele pergunta
a Paulo: “Por que me persegues?”, quando Paulo perseguia os
cristãos, e não o Cristo, o qual Paulo considerava já morto.
O GRANDE TRONO BRANCO (Ap 20.10-15)
Durante
o reino milenar de Cristo haverá julgamentos todas as manhãs com a aplicação da
Pena de Morte imediata. Todavia, essa pena é para os indivíduos que estiverem
vivendo na Terra. A Igreja não estará necessariamente na terra no milênio, mas
estará vivendo no céu.
Ao final desse milênio haverá o Grande
Trono Branco, onde serão julgados todos os que não foram salvos, cujos
nomes não estavam no Livro da Vida (Ap 20). Aqui sim acontece o Juízo Final. Aqueles que foram mortos
no Julgamento das Nações em Mateus 25 (os bodes), no momento da segunda vinda
de Jesus para reinar, serão ressuscitados para serem julgados e condenados. E é
somente para isso que serão ressuscitados: Para serem julgados e condenados.
Quem chegar diante do "Grande
Trono Branco" com um pecado sequer já estará
condenado. A passagem abaixo deixa claro que aquele que crê em Cristo não entra
em juízo ou julgamento: "Em verdade, em verdade vos digo: quem
ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida
eterna, e não entra em juízo, mas passou da morte para a vida" (João
5.24).
As expressões "Ouve", "crê", "tem", "não
entra em juízo" e "passou da morte para a vida",
no momento em que creu, são expressões muito claras nesse sentido.
Quando analisamos Apocalipse 20, percebemos como esse julgamento se trata
de um ato judicial que visa apenas dar a sentença. O julgamento do Grande Trono Branco não tem a
finalidade de estabelecer se a pessoa deve ou não ser salva. Todos são
condenados ali. Não há um salvo em Cristo que participa desse evento, mas
somente os predestinados à perdição (os réprobos). E deste evento não sairá um
salvo sequer. Todos que participarem deste julgamento serão lançados no lago de
fogo e enxofre, onde o fogo nunca se apaga e o tormento é eterno (Mc 9.44; Mt
25.46). Ali eles sofrerão para todo o sempre.
"O diabo, que as enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com enxofre, onde já haviam sido lançados a
besta e o falso profeta. Eles serão atormentados dia e noite, para todo
o sempre. Depois vi um grande trono
branco e aquele que nele estava assentado. A terra e o céu fugiram da sua
presença, e não se encontrou lugar para eles. Vi também os mortos, grandes e
pequenos, de pé diante do trono, e livros foram abertos. Outro livro foi
aberto, o livro da vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que tinham
feito, segundo o que estava registrado nos livros. O mar entregou os mortos que
nele havia, e a morte e o Hades entregaram os mortos que neles havia; e cada um
foi julgado de acordo com o que tinha feito. Então a morte e o Hades foram
lançados no lago de fogo. O lago de fogo é a segunda morte. Se o
nome de alguém não foi encontrado no livro da vida, este foi lançado no lago de fogo" (Apocalipse
20.10-15).
Continua em: O
que é o Reino Milenar?
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SUMÁRIO - O
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