A teoria da “graça comum” diz que Deus derrama
Sua graça sobre salvos e réprobos (perdidos). Mas, será que isso está de acordo
com as Escrituras? A ideia de um amor dúbio de Deus por cada indivíduo da
humanidade é resultado de um falso ensino soteriológico, muito conhecido como
Universalismo ou Graça Comum, que visa unir conceitos arminianos à doutrina
bíblica da eleição a fim de promover a confortável “paz” do ecumenismo religioso.
Porquanto geralmente seus adeptos usam um argumento que, à primeira vista, é
muito forte a seu favor, alegando que o amor de Deus está, em algum sentido que
eles nunca esclarecem biblicamente, sobre todas as Suas criaturas, tanto sobre
santos como sobre ímpios (mesmo estes tendo sido condenados ao inferno). Tais
proclamadores de doutrinas estranhas ao evangelho acusam de “radicais” aqueles
que tomaram a iniciativa de condenar suas heresias que, sob o uso do sofisma,
têm como finalidade atribuir a Deus um tipo de dualidade em seus atributos
divinos.
A graça comum, segundo seus defensores, responderia aos incrédulos a indagação
acerca de como Deus pode odiar pessoas as quais Ele mantém em estado de saúde,
riqueza e segurança terrenas. Tudo isso se aplicaria à uma suposta graça à
parte que, de acordo com a teoria, é distinta daquela única graça que a Bíblia
nos apresenta: a graça salvadora. Concederíamos que esse argumento é mais do
que suficiente se eles pudessem provar o seu intento – de que Deus ama a todos
os homens em geral e derrama algum tipo de graça sobre os ímpios ao
sustentá-los com coisas boas na terra –. Todavia, se mostrarmos claramente que
são eles que, com suas cavilações, nos pressionam a crer que Deus ama pessoas
que Ele mesmo predestinou ao inferno, sem, contudo, apresentar qualquer
argumento testamentário para sustentar essa premissa, o que lhes restará, senão
que esse pretexto que fraudulosamente alegam seja levado pelo vento?
Através dos tempos, muitos ditos “teólogos” têm insistido em permanecer nesta
falsa doutrina. Eles afirmam categoricamente, porém, sem nenhum amparo das
Escrituras, que Deus distribui Seu amor a todos os indivíduos do mundo, sem
exceção. Para justificar tal heresia grosseira, afirmam que, embora Deus tenha
elegido apenas alguns para a salvação e condenado o restante ao inferno, Seu
eterno amor (que não possui sombra de variação) está sobre os eleitos e também
sobre os perdidos. Para provar essa falsa premissa eles argumentam dizendo que
Deus, ao sustentar e suprir as necessidades terrenas dos réprobos, significa o
mesmo que amá-los. E o nome dado para essa confusa ideia é “Graça Comum”, um
tipo de graça diferente da única que encontramos na Bíblia – a graça salvadora
de Deus. Mas, será que a Bíblia concorda com isso? Será que existem “duas
graças”, uma que salva e outra que não salva? Vejamos como a Bíblia explica
esse terrível paradoxo no qual os adeptos da graça comum se afundaram por meio
de influências arminianas.
As Escrituras claramente ensinam que Deus odeia o pecador. E não somente isso,
como também concede meios de sustento e prazeres terrenos para a sua própria
destruição (Sl 5.5; 11.5; 73.17-20; 92.5-7; Pv 3.33; Ml 1.2-4; Rm 9.13; 1Pe
3.12).
É aqui que a teoria da graça comum inicia o seu declínio. Uma das provas que
tornam a teoria da graça comum inconsistente é que a graça de Deus não está nas
coisas. Todas as coisas constituem-se meios pelos quais Deus salva os justos
(eleitos/justificados) e condena os injustos (réprobos/predestinados à
perdição). Toda e qualquer satisfação terrena que um ímpio degenerado desfruta
é para a sua própria destruição. Sendo esses homens racionais e morais, isso os
torna responsáveis por cada ato (Rm 1.19,20). Deus providencia alimento,
vestes, sol, chuva... a todos quantos estão vivos (Mt 5.45). Mas isso não tem
nada a ver com Seu eterno amor e graça sobre alguém. Portanto, o que muitos
chamam de graça comum é, na verdade, providência de Deus. Como será provado nas
linhas que se seguem, a providência de Deus nem sempre significa algo bom para
alguém na terra.
As coisas deste mundo são indiscutivelmente comuns, mas a graça nunca é comum.
A graça não tem nada de comum. Ela é salvífica. Alguns adeptos protestantes da assim
conhecida “Tradição Reformada” podem tentar distorcer isso uma vida toda por
meio de manuscritos humanistas e sob o apelo para a emoção. Contudo, a Palavra
de Deus continua dizendo que a graça é somente uma, e é salvífica. Não existem
duas “graças” – uma temporária e outra eterna, como querem afirmar os ditos
“protestantes reformados” e similares. Enquanto esses fariseus atuais repetem a
mesma lamúria, a Escritura os responde com uma bofetada na face: Só existe
Graça Salvadora. Se não salva, não é graça; é maldição (Pv 24.15-16). Ponto
final.
A doutrina da graça comum deve ser rejeitada em todas as suas esferas, sob a
base da Escritura. A graça comum ensina que Deus ama o réprobo, enquanto as
Escrituras proclamam que “o Senhor odeia
ao avarento” (Salmos 10.4 - KJV). Ainda nos salmos, lemos que Deus odeia “a todos os que praticam a maldade” (Salmos
5.5). Você provavelmente já deve ter ouvido esta frase: “Deus odeia o pecado,
mas ama o pecador”! Porém, essa ideia trata-se de uma grande mentira. Deus não
ama o pecador. Antes, Ele odeia o pecado e também o pecador. Deus lança no
inferno o pecador, e não o seu pecado. Além do mais, “o SENHOR prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia
a Sua [de Deus] alma” (Salmos 11.5). Aqui está a intensidade da aversão de
Deus ao réprobo: Sua própria alma – tudo o que Ele é – detesta-o. Assim, Deus “sobre os ímpios fará chover laços, fogo,
enxofre e vento tempestuoso” (v. 6).
A teoria da ‘graça comum’ ensina que as coisas boas que os réprobos recebem
nesta vida são a prova do amor de Deus por eles. Todavia, esse foi o engano de
Asafe quando ele pensou que os ímpios eram amados por Deus porque prosperavam
no mundo (Sl 73.12); e esse continua sendo o engano de muitos. Porém, quando
Asafe entrou “no santuário de Deus”
(v. 17), compreendeu que “a prosperidade
dos ímpios” (v. 3) – sua saúde (v. 4), comida (v. 7), riquezas (v. 12) – “certamente” se tratava de Deus
colocando-os em “lugares escorregadios”
antes de lançá-los na “destruição”
(v. 18). Assim como Asafe, devemos compreender que Deus dá coisas boas aos
ímpios em Sua providência, mas Ele “despreza-os”
(v. 20) por sua impiedade (v. 8).
Nas palavras de Salomão, o mais sábio dos homens de todos os tempos, ele diz: “A maldição do SENHOR habita na casa do
ímpio” (Pv. 3.33). Isso significa que todas as coisas boas em sua casa –
esposa, filhos, possessões, alimento, etc. – não chegam com o amor de Deus, mas
com a Sua maldição.
Algumas pessoas dizem que rejeitamos a graça comum sob a base de inferências
extraídas a partir do conselho eterno da predestinação de Deus. Porém, a
verdade revelada de Deus da predestinação não é a única doutrina que milita
contra a graça comum. Contra a unidade de Deus (Dt 6.4), a graça comum ensina
que Deus tem dois amores, duas misericórdias, duas benignidades, etc. Contra a imutabilidade de Deus (Ml. 3.6), a
graça comum ensina que Deus ama os réprobos no tempo e, depois, os odeia na
eternidade. Contra a justiça divina,
que é tão grande que Deus “não pode ver o
mal” (Hb 1.13), a graça comum diz que Deus ama aqueles que são
completamente iníquos (Rm 3.10-18). Resumindo, a graça comum postula um amor
temporário, limitado, mutável e injusto de Deus (fora de Jesus Cristo!) pelo
réprobo. Todavia, as Escrituras nos ensinam que Deus ama a Si mesmo e à Sua Igreja
eleita (Ef 5.25) com um amor particular (Rm 9.18), eterno (Rm 8.37-39), infinito
(Ef 3.17-19) e imutável (Sl 136) em Jesus Cristo.
Essa heresia de um “amor de Deus pelos réprobos” tem sido usada por muitos para
destruir a antítese (Gn 3.15), amenizar a depravação
total, comprometer a expiação
particular (limitada aos eleitos), pregar um desejo de Deus de salvar o
réprobo, silenciar o fato de que Deus odeia a todos os quais Ele não amou na
eternidade e, então, negar a eleição e
reprovação incondicional, recusando, assim, condenar o arminianismo e seus falsos
mestres, permitindo a comunhão com os arminianos em uma grande festa ecumênica
onde o jugo desigual é quem dita as regras.
DEUS ODEIA O PECADO E TAMBÉM O PECADOR
O amor de Deus e a Sua ira andam de mãos dadas (Nm 14.18; Rm 11.22; Hb 12.5).
Sempre que a Bíblia menciona a ira de Deus, ela automaticamente envolve o Seu
amor. Isso acontece pelo fato de que a ira de Deus é uma expressão inata do Seu
amor (Sl 136.14-21). Isto é, não há como falar do amor de Deus sem falar da Sua
ira. Seus atributos são eternos e se correlacionam em perfeita harmonia. Sem a
Sua ira, Seus atributos seriam falhos. Sem a Sua santa ira, Deus seria
indiferente com o pecado e nenhum pecador estaria no inferno agora. Sem a Sua
ira, Deus mostraria uma total ausência de moralidade em Seu caráter. Sem a Sua
ira, Deus estaria em comunhão com a blasfêmia e corrupção do mundo.
A pureza de Deus exige que Ele odeie o que é impuro. Deus é amor (1Jo 4.8), e
por isso Ele tem de ser ódio (Cl 3:6). A questão não é que Deus "deixa de
amar" ou “deixa de odiar”. Seus atributos são eternos – não possuem começo
nem fim. Sua ira sobre os réprobos permanece o tempo todo e não apenas num
momento isolado (Jo 3.36). A doutrina dos atributos de Deus é uma das mais
omitidas e evitadas pela igreja prostituta da América. Dificilmente acharemos,
hoje, uma congregação onde os atributos de Deus sejam ensinados da maneira que
a Bíblia nos apresenta. Não se trata de mera “questão secundária” (termo muito
usado hoje por liberalistas teológicos), mas de uma doutrina essencial da fé
cristã que exige, com urgência, a atenção dos santos (Jo 3.36; Sl 11.5; Pv
3.32; 6.16-19; 8.13-17; 2Co 2.14, 15; 2Co 4.3; Rm 9.13; Sl 5.5).
Continua em: Por
que o Arminianismo se prova herético? – Uma análise sobre as crenças e ensinos
de Jacob Arminius
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